O lucro da companhia cresceu no trimestre. Chegou a R$ 2,83 bilhões, com alta de 15% sobre o mesmo período do ano passado. O resultado foi favorecido por menor despesa com impostos. A empresa também anunciou R$ 2 bilhões de dividendos a serem pagos até outubro.
Ainda houve crescimento de 5,9% no EBITDA e da expansão de margem de 1,60 ponto percentual, mas o que chamou atenção no balanço foi a queda expressiva nos volumes, especialmente no Brasil — ainda o principal mercado da companhia.
Na comparação com o mesmo período de 2024, a venda de cerveja no país caiu 8,9%. Um recuo tão grande que ninguém estava esperando. O Citi, por exemplo, previa uma retração de apenas 3%. Em grande parte, o tombo é explicado por um inverno mais rigoroso no Sul e Sudeste. Mas o buraco parece mais embaixo.
Clima, preço e concorrência
O próprio balanço da Ambev indica que o impacto do clima adverso foi concentrado em junho, que respondeu por mais de 60% da queda nos volumes. Ainda assim, analistas apontam outros fatores: o aumento de preços promovido pela companhia no trimestre, em linha com a inflação, e a pressão da concorrência, especialmente no segmento mainstream.
Segundo o Citi, a empresa perdeu participação de mercado em volume, enquanto marcas premium e super premium, como Corona, Stella Artois e Original, conseguiram crescer na casa dos dois dígitos.
“Apesar do resultado não ser catastrófico, ele aumenta dúvidas sobre o quanto o portfólio atual da Ambev ainda consegue entregar crescimento sem perder terreno”, escreveu o time do BTG Pactual.
A reação do mercado, especialmente lá fora, deixou clara qual foi a leitura: as ações da AB InBev, controladora da Ambev, chegaram a cair 11% na Europa, na maior baixa intradiária desde março de 2020. O Brasil teve papel central nesse movimento: a América do Sul, puxada pelo país, viu os volumes caírem 4,9%, enquanto o mercado esperava um cenário melhor do que de fato aconteceu.
América do Sul traz algum alívio
Se a operação brasileira preocupou, os resultados em outros mercados trouxeram certo respiro. A América do Sul, excluindo Brasil, cresceu 2,9% em volume. Foi o segundo trimestre seguido de recuperação após um ciclo prolongado de queda, puxado por uma retomada na Argentina e um avanço expressivo na Bolívia.
O desempenho na região ajudou a sustentar a receita líquida consolidada da Ambev, que cresceu 0,2%, para R$ 20,1 bilhões.
No Canadá, a margem Ebitda subiu três pontos percentuais. Já no segmento de bebidas não alcoólicas no Brasil (NAB), a companhia viu contração de margem de 1,70 ponto percentual, pressionada por câmbio e insumos.