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Aposta de US$ 9 bi no Suriname expande boom do petróleo offshore

Gigante francesa busca montar navio-sonda e arrendar plataformas sul-americanas para futuras perfurações

Sede da TotalEnergies em Paris, em foto de 2022
Sede da TotalEnergies em Paris, em foto de 2022. Foto: HJBC/Getty Images

A TotalEnergies está montando uma frota de sondas de águas profundas, embarcações de apoio e equipes de perfuração na costa do Suriname, o sinal mais claro até agora de que a gigante do petróleo francesa avançará com um desenvolvimento histórico.

Embora a companhia não tenha oficialmente aprovado investimentos de US$ 9 bilhões para desenvolver descobertas de petróleo bruto no país sul-americano, ela já tenta garantir dois arrendamentos de plataformas para futuras perfurações na região, de acordo com pessoas familiarizadas com as licitações, que pediram para não serem identificadas.

Isso ocorreu menos de quatro meses depois que a TotalEnergies orientou os fornecedores a reservar capacidade de construção em um estaleiro chinês para a fabricação de um navio-sonda para o projeto.

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Expectativa de lucro

Para o Suriname, antiga colônia holandesa ao norte do Pará, é o prenuncio do fim de anos de atrasos e frustração da expectativa de lucrar com bilhões de barris de petróleo presos sob o fundo do mar. A TotalEnergies e a parceira APA devem tomar, no início de outubro, uma decisão final de investimento para desenvolver descobertas feitas em 2020.

O Suriname está anos atrás da vizinha Guiana no processo de trazer exploradoras estrangeiras para extrair suas vastas riquezas petrolíferas. Mas quando a produção — agora prevista para 2028 — realmente começar, ela promete transformar a economia de uma das nações mais despovoadas do mundo.

O investimento faz parte de uma retomada mais ampla da exploração de petróleo em alto-mar ao longo da Bacia do Atlântico. Do Golfo do México ao Brasil e Namíbia, algumas das exploradoras mais sofisticados do mundo desenvolvem a nova fronteira do petróleo.

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Exploração terrestre x marítima

A perfuração em águas profundas em muitas regiões foi amplamente marginalizada pela revolução do petróleo de xisto há pouco mais de uma década, que atraiu as empresas de volta à exploração terrestre menos arriscada. Esse impacto foi agravado pela pandemia, que destruiu a demanda e derrubou os preços de energia — e qualquer apetite residual por empreendimentos arriscados entre as petrolíferas.

Mas à medida que o setor de xisto amadurece e muitos dos melhores poços se aproximam do pico, as petrolíferas estão novamente indo para o mar em busca de descobertas inexploradas.

“A exploração está de volta”, disse Ross Lubetkin, CEO da Welligence Energy Analytics.

A TotalEnergies não quis comentar. Um porta-voz da APA direcionou um pedido de comentário à TotalEnergies como operadora do projeto.

A decisão da gigante francesa de encomendar uma casco para uma plataforma de 200.000 barris por dia para as descobertas do Suriname é um dos sinais mais claros de que o projeto vai adiante, disse Annand Jagesar, diretor-gerente da empresa estatal de petróleo do Suriname, a Staatsolie.

“Eles reservaram este casco”, disse ele em entrevista. “Você não vai pagar tanto dinheiro por isso para deixar encostado.”

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Concorrentes

Também no Suriname, um país com apenas 612.000 habitantes, a Petronas, da Malásia, está considerando uma instalação flutuante de alta tecnologia para processar gás natural que custaria bilhões de dólares. A Chevron deve iniciar uma campanha de exploração em 2025 em águas rasas, de acordo com a Staatsolie, que também atua como reguladora do petróleo no Suriname.

A Chevron não quis comentar sobre seu cronograma para o Suriname.

Até agora, o potencial do Suriname é muito menor do que o da vizinha Guiana, mas um grande projeto poderia transformar a economia e melhorar os serviços sociais em um país onde cerca de 40% da população vive na pobreza. A expectativa de um grande avanço do setor de petróleo fez com que a dívida do Suriname tivesse um desempenho excelente nos mercados emergentes este ano.

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