As ações tiveram uma sequência de cinco dias de ganhos depois do lançamento do produto na semana passada, que incluiu um iPhone mais fino que não gerou muito entusiasmo.
Por trás da recuperação está o otimismo de que telefones mais caros — como o modelo Pro topo de linha, vendido por até US$ 1.999 (R$ 10.800, sem as taxas) — poderiam sustentar o crescimento da receita da Apple, mesmo que os clientes não se apressem em comprar um novo.
Os preços médios de venda dos iPhones devem aumentar cerca de 4% no ano fiscal de 2026, em comparação com uma expansão de 1,5% em 2025, de acordo com estimativas da Bloomberg Intelligence.
Isso ocorre depois de quase uma década em que os preços de toda a linha do iPhone permaneceram praticamente estáveis.
“Os preços estão realmente aumentando pela primeira vez em vários anos. Então, se observarmos um ciclo típico de substituição com preços mais altos, além de algum progresso em IA, isso pode não ser um cenário animador para as ações. Mas é um cenário decente”, disse John Belton, gestor de portfólio da Gabelli Funds, que administra US$ 33 bilhões em ativos.
Queda das ações
As ações da Apple se recuperaram nos últimos dois meses em meio à redução dos riscos tarifários, mas ainda estão atrás das grandes empresas de tecnologia, já que a empresa enfrenta dificuldades para implementar recursos de IA.
Mesmo assim, as ações caíram quase 4% este ano, em comparação com a valorização de 16% do índice Nasdaq 100.
O lento crescimento das vendas tem sido um obstáculo para a Apple há muito tempo.
Embora seus resultados mais recentes tenham apresentado a expansão mais rápida da receita trimestral em mais de três anos, a expectativa é de que eles aumentem apenas 6% no ano fiscal atual e no próximo.
Isso é menos da metade do crescimento da receita esperado para o setor de tecnologia do S&P 500 em 2025 e 2026, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence.
Ao mesmo tempo, a Apple é negociada a 30 vezes o lucro estimado, quase 50% acima da média dos últimos 10 anos. O múltiplo está em linha com a Nvidia e superior ao da Alphabet, Amazon e Meta. Todas essas empresas apresentam crescimento de receita mais rápido.
Crescimento morno
A combinação entre crescimento morno e a falta de inovação derrubaram as ações da Apple para a menor cotação a em cinco anos.
O analista da D.A. Davidson, Gil Luria, rebaixou a recomendação das ações da empresa na semana passada, afirmando estar “desinspirado” pelos novos produtos.
“Embora inicialmente estivéssemos animados com as perspectivas do papel da Apple no ecossistema de IA e com um possível ciclo de grandes atualizações, ficou claro para nós que nenhuma dessas opções provavelmente se concretizará no curto prazo”, escreveu Luria em 11 de setembro.
Wall Street aguarda há muito tempo por novos recursos — em vez de melhorias incrementais na câmera, memória ou duração da bateria — para atrair consumidores a trocarem de modelo.
Em 2024, os investidores apostaram alto que a IA seria esse tipo de recurso essencial, mas as ofertas da Apple foram fracas ou atrasadas. Depois de ser o foco das demonstrações de produtos do ano passado, a IA foi deixada de lado nas últimas reformulações de software, o que gerou grande decepção.
Mudanças mais ambiciosas, como um iPhone dobrável, são esperadas para o próximo ano. No entanto, alguns profissionais de Wall Street preveem condições para que as vendas do iPhone 17 superem as expectativas.
A demanda inicial é mais forte do que a dos modelos do ano passado, de acordo com uma análise dos prazos de entrega feita por Erik Woodring, analista do Morgan Stanley. É um indício precoce de que as taxas de atualização do iPhone podem estar melhorando, escreveu Woodring em uma nota.
Ainda assim, a chave para a Apple impulsionar significativamente o crescimento da receita continua sendo a inovação, de acordo com Andrew Choi, gestor de portfólio da Parnassus Investments, que administra US$ 43 bilhões.
“Se a Apple lançasse algo incrível, tenho certeza de que os resultados seriam incríveis. Mas isso exigiria algum tipo de aplicativo ou recurso de IA com atualização de hardware”, disse ele. “É difícil dizer que mais do mesmo seja empolgante. E atualizar os aparelhos não levará a uma mudança radical no crescimento da Apple.”