O governo brasileiro anunciou, nesta quinta-feira (12), a seleção de 56 projetos em minerais críticos que poderão disputar uma fatia de até US$ 1 bilhão em financiamento público, por meio de instrumentos do BNDES e da Finep. O pacote integra o esforço para destravar cadeias locais de terras raras, lítio, grafite, cobre, silício e outros insumos essenciais à transição energética e à indústria de baixo carbono.

As mineradoras estrangeiras Meteoric Resources, Viridis Mining and Minerals (Austrália), Aclara Resources (Canadá) e a brasileira Grupo Serra Verde estão entre as empresas selecionadas. O foco do programa é acelerar projetos que, além de explorar esses minerais, tenham capacidade de refino local, etapa crítica hoje dominada pela China.

Apenas os projetos de terras raras, usados na fabricação de ímãs, turbinas e motores elétricos, somam 10 propostas — e disputam a maior fatia do pacote. Estão incluídos ainda:

Entre os projetos selecionados, a Aclara Resources — mineradora listada na bolsa de Toronto — propôs um investimento de R$ 300 milhões para instalar uma planta-piloto de separação de óxidos de terras raras, componentes essenciais para baterias, turbinas e motores elétricos.

A iniciativa brasileira ocorre em meio a uma disputa global por rotas alternativas às exportações da China, que tem usado seu domínio sobre os minerais estratégicos como moeda geopolítica. Hoje, o Brasil detém 23% das reservas mundiais conhecidas de terras raras, atrás apenas da própria China, segundo o Serviço Geológico dos EUA.

Demanda supera oferta

Os 56 planos de negócios somam pedidos de financiamento de R$ 45,8 bilhões (cerca de US$ 9 bilhões), valor nove vezes superior ao montante disponível nesta etapa. Segundo o BNDES, o apoio poderá vir por meio de crédito, subvenções e até participação acionária.

Segundo o banco, os projetos mais bem estruturados também poderão atrair parceiros internacionais, como a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (JICA), além de recursos do Fundo Nacional sobre Mudança do Clima e de bancos privados. “O mundo percebeu que não pode depender apenas de um país”, afirmou José Luis Gordon, diretor do BNDES.

Stellantis, Mosaic e WEG também na lista

Além de mineradoras, o BNDES incluiu grandes indústrias consumidoras dos insumos críticos, como a montadora Stellantis, a fabricante de fertilizantes Mosaic e a WEG, que produz motores elétricos e sistemas de energia. A expectativa do governo é estruturar cadeias produtivas completas no Brasil — da mina à fábrica.

“Esses minerais, além de críticos para a transição energética, estão no centro de uma disputa global por capacidades produtivas ligadas às novas indústrias, como é o caso das baterias e dos veículos elétricos”, afirmou o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante.

(Com Bloomberg)