Por Chris Prentice e Mike Spector e David Shepardson
NOVA YORK/WASHINGTON (Reuters) – A Boeing concordou em se declarar culpada de uma acusação de conspiração de fraude criminal e pagar uma multa de US$ 243,6 milhões para resolver uma investigação do Departamento de Justiça dos Estados Unidos sobre dois acidentes fatais com o 737 MAX, disse o governo norte-americano em um documento judicial no domingo (7).
O acordo, que requer a aprovação de um juiz, condenará a empresa por acidentes na Indonésia e na Etiópia dentro de um intervalo de cinco meses em 2018 e 2019 que mataram 346 pessoas.
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O acordo atraiu críticas imediatas das famílias das vítimas, que desejavam que a Boeing enfrentasse um julgamento e sofresse consequências financeiras mais severas.
A pressão do Departamento de Justiça para indiciar a Boeing aprofundou uma crise contínua que envolve a empresa desde que um outro incidente em janeiro, quando um plug de porta se soltou durante um voo, expôs problemas contínuos de segurança e qualidade na fabricante de aviões.
Uma confissão de culpa pode ameaçar a capacidade da empresa de garantir contratos governamentais lucrativos com empresas como o Departamento de Defesa dos EUA e a Nasa, embora a empresa possa buscar isenções.
A Boeing ficou exposta a um processo criminal depois que o Departamento de Justiça descobriu, em maio, que a empresa violou um acordo de 2021 envolvendo os acidentes fatais.
Ainda assim, o acordo poupa a Boeing de um julgamento contencioso que poderia ter exposto as decisões da empresa antes dos acidentes fatais a um escrutínio público ainda maior. Isso também tornará mais fácil para a fabricante de aviões, que terá um novo presidente-executivo ainda neste ano, tentar seguir em frente enquanto busca aprovação para sua aquisição planejada da Spirit AeroSystems.
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Um porta-voz da Boeing confirmou que a empresa “chegou a um acordo em princípio sobre os termos de uma resolução com o Departamento de Justiça.”
Como parte do acordo, a fabricante de aviões concordou em gastar pelo menos US$ 455 milhões nos próximos três anos para melhorar seus programas de segurança e conformidade. A diretoria da Boeing terá que se reunir com os familiares dos mortos nos acidentes com o MAX, segundo o documento.
O acordo também impõe um monitor independente, que terá de apresentar publicamente relatórios anuais de progresso, para supervisionar a conformidade da empresa. A Boeing ficará em liberdade condicional durante os três anos de mandato do monitor.
Os advogados de algumas das famílias das vítimas disseram que planejavam pressionar o juiz Reed O’Connor, que está supervisionando o caso, a rejeitar o acordo.
Em um documento separado apresentado ao tribunal, eles citaram a declaração de O’Connor em uma decisão de fevereiro de 2023: “o crime da Boeing pode ser considerado o crime corporativo mais mortal da história dos Estados Unidos.”
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