A gestora de ativos imobiliários BR Properties (BRPR3) adotará uma postura conservadora após o acordo para venda de quase todo seu portfólio de lajes corporativas para a canadense Brookfield por quase R$ 6 bilhões, disseram executivos da empresa nesta quinta-feira (19).
Destinado principalmente para evitar que o grupo tenha que encarar despesas financeiras anuais calculadas em 350 milhões de reais decorrentes da alta do impacto da alta dos juros no país sobre a dívida, o negócio envolveu “100% da vacância” de inquilinos em escritórios que a BR Properties operava no segmento, disse o presidente Martín Jaco, em conferência com analistas.
A companhia terminou o primeiro trimestre com vacância física de 24,7%, ante 32,2% no mesmo período de 2021. Mas as despesas gerais e administrativas subiram 31%, para quase R$ 31 milhões, das quais 15,7 milhões relacionam-se à vacância. A dívida líquida era de R$ 2,1 bilhões, para um caixa e equivalentes de caixa de R$ 844 milhões.
“Saímos de uma posição extremamente pressionada pelos juros, que não nos permite fazer mais nada, porque qualquer trabalho que façamos na companhia a parte financeira praticamente comia todo o resultado…para uma que traz uma flexibilidade importante para podermos tomar as decisões sem essa pressão”, afirmou o executivo.
Segundo ele, a prioridade é utilizar os recursos para reduzir as despesas financeiras da companhia e avaliar eventual pagamento de dividendo para os acionistas, algo que deverá ser estudado nas próximas semanas.
A expectativa da BR Properties é fechar a transação, anunciada na véspera e que envolveu 12 propriedades comerciais e quase 400 mil metros quadrados, “em 30 a 60 dias”, disse Jaco.
As ações da companhia recuavam 4,2% às 16h, para R$ 9,31. Os papéis não fazem parte do Ibovespa, que no mesmo horário avançava 0,89%. Ante o pico de fechamento alcançado em fevereiro de 2020, pouco antes da pandemia chegar oficialmente ao país, a ação da BR Properties acumula perda de 38,3% em relação ao fechamento da véspera.
A BR Properties ficará com dois edifícios comerciais no portfólio após a transação, o Passeio Corporate, no Rio de Janeiro, e um alugado para a Vale, em Nova Lima (MG), que estão com ocupação quase que completa, segundo o executivo. Ambos podem ser alvo de análise para venda também se a empresa receber ofertas que considere adequadas, disse Jaco.
Com a transação, o negócio principal da BR Properties passa a ser galpões logísticos divididos entre os Estados de São Paulo e Rio de Janeiro, segmento que a empresa chegou a abandonar anos atrás. O portfólio da companhia, que somou cerca de 10 bilhões de reais anteriormente, será de 2,3 bilhões depois de concluída a venda.
Questionado se a BR Properties poderia usar os recursos da transação para acelerar crescimento ou eventualmente optar por fechar capital, o presidente da companhia descartou as duas opções.
“Não vemos sentido agora em reinvestir imediatamente…A pandemia está no final, mas está persistindo. Agora é posição de conservar caixa e ser observador”, disse Jaco, citando ainda as incertezas trazidas pelo cenário de juros nos Estados Unidos e a guerra da Rússia contra a Ucrânia. “Vamos manter este tamanho”, acrescentou.
Durante a conferência, o diretor financeiro da BR Properties, André Bergstein, afirmou que a transação com a Brookfield “deve gerar uma contribuição de 11,90 a 12 reais por ação”, nas contas da empresa, o que ajuda a devolver valor para acionistas.
O cálculo leva em consideração uma expectativa máxima de incidência de impostos sobre a transação da ordem de 400 milhões de reais, segundo ele. A expectativa mínima seria de 350 milhões.
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