O Bradesco (BBDC4) anunciou nesta quinta-feira (23) que seu conselho de administração aprovou o nome de Marcelo de Araújo Noronha para ocupar o posto de presidente-executivo do grupo financeiro, no lugar de Octavio de Lazari Jr.. Segundo o banco, a nomeação acatou recomendação do comitê de nomeação e sucessão.
Após o anúncio, os papéis preferenciais do banco chegaram a R$ 16,65, alta de 5,85%. Às 15h, as ações desaceleraram a 2,7%, a R$ 16,16. Até a véspera, os papéis acumulavam alta de cerca de 11% em 2023.
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Em fato relevante, banco afirmou ao mercado que Lazari será indicado a um posto no conselho de administração do Bradesco.
Lazari, 60 anos, assumiu o comando do Bradesco em 2018. O executivo iniciou sua carreira no próprio banco em 1978.
“A mudança tem o propósito de iniciar um ciclo de projetos e objetivos estratégicos robustos para os próximos anos”, afirmou o presidente do conselho de administração do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco Cappi, em comunicado do banco à imprensa.
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“O contexto de mercado é absolutamente desafiador, do ponto de vista da eficiência operacional, aumento da competitividade e ambiente regulatório”, acrescentou.
Analistas apontam que a troca do comando da instituição deve ser entendida como uma tentativa de dar novos ares à gestão do banco, que tem reportado uma dinâmica de resultados pouco entusiasmante nos últimos trimestres. No entanto, a mudança não era esperada, caso contrário, não teria impactado nos preços de mercado, já que o tradicional do Bradesco é fazer a rotação do presidente quando o anterior atinge a idade limite de 65 anos
“Vemos o mercado recebendo positivamente, não por conta do grande peso do novo entrante, mas por conta da mudança na mentalidade do Bradesco que tem princípios de tomada de decisão mais lentos, e vemos uma reação a uma perspectiva mais alta de mudança nos resultados do banco, que vem sendo ruins”.
Phil Soares, chefe de análise de ações da Órama.
Quem é Marcelo de Araújo Noronha
Noronha, de 58 anos, é hoje vice-presidente do Bradesco para operações de varejo, posto assumido por ele em 2015. Antes disso, ele ocupou o cargo de diretor executivo do banco por pelo menos cinco anos.
Natural de Recife, Pernambuco, ele é formado em Administração pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), com especializações em Finanças pelo Instituto Brasileiro de Mercado de Capitais (IBMEC) e Banking, pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Integrou o programa de Advanced Management pelo Instituto de Estudios Empresariales da Universidade de Navarra, em Barcelona (IESE).
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Com 38 anos no mercado bancário, ele está no Bradesco desde 2003, quando banco adquiriu o BBVA, de capital espanhol. Noronha assumiu a gestão em diferentes áreas de negócio. Sua última área de responsabilidade no banco foram os segmentos varejo e prime, além de marketing, CRM, vendas digitais e bancos next e Digio.
Segundo o Bradesco, o executivo também esteve à frente, como vice-presidente das áreas de Corporate, Bradesco Empresas, Bradesco BBI, Internacional e Câmbio, as subsidiárias internacionais (Buenos Aires, Cayman, New York, Londres, Luxemburgo e Hong Kong) e as Corretoras Bradesco e Ágora.
Antes disso, atuou como vice-presidente responsável pelo Bradesco Cartões e a pelas
empresas coligadas de meios de pagamentos.
Noronha também foi membro dos Conselhos de Administração da Cielo, Alelo, Livelo e Elopar, e atuou como presidente da ABECS por dois mandatos pelo período de quatro anos. É conselheiro da Confederação Nacional das Instituições Financeiras.
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Quedo no lucro do 3º tri
O Bradesco encerrou o terceiro trimestre com queda de 11,5% no lucro líquido recorrente sobre um ano antes, carteira de crédito estável e atingindo o pico da inadimplência dos últimos períodos, mas vendo os próximos trimestres como de recuperação na margem financeira.
Na ocasião de divulgação dos resultados de julho a setembro, Lazari afirmou que “o pior ficou para trás” e que os índices de inadimplência antecedente, de 15 a 90 dias, mostram redução para os próximos trimestres.
O rival Itaú Unibanco, enquanto isso, teve alta de 12% no lucro líquido recorrente, com avanço na carteira de crédito e inadimplência quase estável.
O analista da Órama aponta que retorno sobre patrimônio do Bradesco (ROE) vem demorando para voltar à normalidade (de 12% para 18%), o que contrasta com os principais competidores. “E uma perspectiva de mudança é recebida como positiva”, observa.
Matheus Nascimento, analista de Equities da Levante Corp, corrobora com a tese de Soares, da Órama, ao apontar que o Bradesco vem atravessando um ano turbulento.
“Por ter se posicionado mal ao ciclo de econômico de aperto monetário, já que expandiu a carteira num momento conturbado, culminou com alta na inadimplência que, somado ao passe acelerado nos ajustes de juros, penalizou muito a composição da margem”.
Matheus Nascimento, analista de Equities da Levante Corp.
Ainda segundo o analista, com essa alteração, fica subentendido que o Bradesco está comprometido em seguir promovendo reestruturações necessárias para que a operação recupere a qualidade de maneira geral.
Já para Milton Rabelo, analista da VG Research, o desafio do novo CEO é seguir trabalhando com o objetivo de melhorar a rentabilidade do canal bancário, “que tem reportado resultados aquém do desejado nos últimos trimestres”.
*Com Reuters
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