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De olho no agronegócio, BYD apresenta picape Shark para tentar destronar Hilux

Expandir no Brasil é uma parte fundamental da estratégia da BYD

Uma picape azul metálico, moderna e agressiva, estacionada em uma praia ensolarada com o mar ao fundo.
BYD Shark. Foto: Divulgação

A BYD lançou seu sexto modelo no Brasil este ano, apostando que sua picape híbrida pode enfrentar marcas como Toyota Motor, Ford no mais recente movimento da montadora chinesa para dominar o mundo.

A picape híbrida Shark, de 436 cavalos de potência, foi disponibilizada para pré-reserva no início deste mês a um preço de R$ 379.800 (US$ 66.700), entrando no altamente competitivo segmento de picapes médias do Brasil, onde os clientes tradicionalistas preferem os pequenos caminhões movidos a diesel ou gasolina.

O evento de lançamento da Shark no sábado em Goiânia, capital do agronegócio brasileiro, foi a mais recente ofensiva comercial da BYD com o objetivo de abrir caminho para o topo do ranking de vendas de veículos no maior mercado da empresa fora de sua base, a China. Com a empresa enfrentando barreiras crescentes nos EUA e na União Europeia na forma de tarifas de importação, expandir no Brasil é uma parte fundamental da estratégia da BYD de construir posições dominantes em mercados emergentes.

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A BYD anunciou parcerias com empresas como JBS e Vale para testar a Shark em condições extremas e conseguir cerca de 70% das vendas a partir de clientes do agronegócio, de acordo com o diretor comercial da empresa no Brasil, Henrique Antunes.

“O mercado potencial de caminhonetes dentro do agro é muito grande”, disse ele. “Fizemos alguns estudos onde muitas vezes, mesmo um cliente que não é do agro, se espelha no agro para comprar uma caminhonete”.

Desde que a pré-venda começou, em 3 de outubro, os clientes reservaram cerca de 1.000 das 1.500 picapes disponibilizadas, de acordo com Antunes, um aumento acentuado em relação ao lançamento anterior da empresa, o utilitário esportivo elétrico Yuan Pro, que vendeu 600 unidades antes do lançamento. Os clientes que reservaram uma Shark também garantiram um kit de carregamento solar, um carregador portátil de 3,5 kWh e seguro total por um ano grátis.

Antunes espera que as vendas anuais da Shark fiquem entre 10.000 e 15.000 unidades, o que a colocaria entre as cinco picapes médias mais vendidas do Brasil. As atuais líderes de vendas no segmento são a Toyota Hilux, a Ford Ranger e a Chevrolet S10, com preços a partir de cerca de R$ 220.000, de acordo com dados da Fenabrave.

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A BYD acumula 51.203 unidades vendidas no Brasil nos primeiros nove meses de 2024, um crescimento de mais de 700% em relação ao mesmo período do ano passado, quando iniciava sua ofensiva comercial no país. A missão da Shark é trazer uma parcela adicional de clientes para a marca chinesa, que tem como meta sair da atual 10ª colocação no ranking geral de vendas para estar entre as 5 maiores em 2027, disse Antunes. “A BYD não chegou no Brasil para ser coadjuvante”.

Essa ambição ecoa os planos globais da empresa. A BYD deixou de ser uma pequena participante no concorrido mercado de carros da China para entrar no top 10 das montadoras do mundo e, no final de 2023, ultrapassar a Tesla Inc. para se tornar a maior vendedora de veículos elétricos puros globalmente.

Lançar uma picape híbrida com um preço premium em relação às suas rivais, e significativamente acima dos US$ 53.400 que o mesmo veículo custa no México, representa uma espécie de aposta. Ainda assim, as oportunidades superam os riscos, de acordo com Cassio Pagliarini, especialista no setor automotivo e sócio da Bright Consulting. Ele acredita que alguns dos clientes do agronegócio são “early adopters”, ávidos por novas tecnologias e dispostos a dar o primeiro passo, mesmo em um mercado que normalmente prefere motores a diesel.

“É um cliente tradicionalista, mas é algo novo, é a primeira picape híbrida, com autonomia fenomenal, e tem uma pegada sustentável”, disse Pagliarini. “Assim como um veículo especial de todas essas outras marcas, a palavra sustentabilidade já conquista as pessoas, o motorista não perde a capacidade de aceleração, a habilidade de passar pela lama”.

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A BYD fez de tudo para causar uma boa impressão no Brasil em 2024, lançando seis novos veículos, incluindo a Shark. A ofensiva de vendas já abalou as estratégias comerciais de suas concorrentes e causou reduções de preços tanto em modelos puramente elétricos como naqueles a combustão.

O Brasil também é parte fundamental dos planos ambiciosos da BYD de expandir a produção globalmente, tendo anunciado recentemente planos para fábricas de montagem fora da China em 10 países em três continentes. A empresa anunciou planos de investir R$ 5,5 bi (US$ 1,1 bilhão) na maior economia da América Latina para construir uma fábrica na Bahia, onde operou uma fábrica da Ford até 2021.

“Esperamos começar o regime de montagem dos veículos em dezembro de 2024 e o regime de produção completa no primeiro semestre de 2025, não o SKD ou CKD, o regime de produção completa, inclusive estamparia de peças”, disse Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da empresa no Brasil, em uma entrevista no sábado.

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