A Superintendência-Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou a compra da corretora Easynvest pelo Nubank sem restrições, segundo informação publicada nesta terça-feira (27) no Diário Oficial da União (DOU). A aprovação só estará concluída após um prazo de 15 dias, dentro do qual a decisão ainda pode ser revertida.
A operação também ainda precisa do aval do Banco Central para que ela seja oficializada.
A compra da Easynvest foi anunciada no dia 11 de setembro. Ficou acordado que a fintech faria o pagamento aos acionistas da empresa, que possui 1,5 milhão de clientes e mais de R$ 20 bilhões sob custódia, em especial o fundo de private equity Advent International, que detinha 60% do capital.
A transação não teve o valor revelado. Com a aquisição de uma das maiores corretoras do país, o Nubank deu um passo para entrar na esfera dos investimentos, que conquista um número cada vez maior de pessoas físicas. O número de CPFs cadastrados na base da B3 alcançou 3 milhões até a última medição oficial, um aumento de 82,4% desde o final de 2019.
Em setembro, as duas empresas informaram que assim que a aprovação do Cade saísse, um grupo de trabalho deve ser formado para planejar os próximos passos de integração dos serviços das companhias.
A aquisição vem de carona na franca expansão do ambiente de investimentos no Brasil, beneficiado pela queda nas taxas de juros. Estimativas do setor apontam que o volume de ativos sob custódia pode passar de R$ 3 trilhões em 2020 para mais de R$ 5 trilhões em 2025.
Uma pesquisa da McKinsey aponta que a maior parte deste crescimento deve vir das plataformas digitais: 93% dos investidores brasileiros se dizem confortáveis em usar canais digitais para investir e 61% tomariam as próprias decisões de investimentos sem um assessor direto.
Varejo e tecnologia no DNA
Fundada como Título Corretora S/A em 1968, a Easynvest iniciou sua atuação como intermediária de investimentos com foco na bolsa de valores. Foi nos anos de 1990, com o advento da internet e a criação do pregão eletrônico, que a companhia entrou de cabeça no mundo digital. Lançou em 1999 uma das primeiras plataformas online de compra e venda de ações do país (home broker), que recebeu o nome de Easynvest.
A partir de 2012, a corretora expandiu sua atuação para além do mercado de renda variável, passando a oferecer produtos de renda fixa como o Tesouro Direto. A estratégia ganhou foco no investidor pessoa física, com todos os esforços voltados para uma vertente de educação financeira, que permanece no DNA da empresa até hoje. Foi o passo necessário para, em 2014, a corretora rebatizar seu nome com a razão social da Easynvest, momento no qual foi lançado um novo portal de investimentos 100% digital.
A Advent International, uma das maiores empresas de private equity do mundo, anunciou a aquisição de parte relevante da Easynvest em 2017, por R$ 200 milhões. O negócio aconteceu no ano seguinte à conquista da corretora como líder em número de investidores do Tesouro Direto, com uma base de 100 mil.
Nubank no mundo dos investimentos
O Nubank, hoje o maior banco digital independente do país, foi fundado em 6 de maio de 2013 pelo colombiano David Vélez. Iniciou suas operações como um cartão de crédito em 2014, evoluiu para um banco digital com operações reduzidas a partir da criação da Nuconta e passou a oferecer um menu de investimentos básicos com retorno automático de 100% do CDI atrelado à conta de pagamentos.
Hoje, a fintechs abocanha mais de 26 milhões de clientes nos 5.570 municípios brasileiros, mais que o dobro do final de 2019. No primeiro semestre de 2020, a startup financeira registrou prejuízo de R$ 95 milhões, queda de 32% em relação ao período anterior. Desde sempre, o banco digital defende que o resultado negativo é uma decisão estratégica para crescer e abocanhar o mercado.
Com a compra da Easynvest, o banco digital faz sua terceira aquisição em 2020. No começo do ano, adquiriu a consultoria de tecnologia Plataformatec e a empresa americana de engenharia de software Cognitect há dois meses.
O Nubank passou da marca de US$ 1 bilhão em valor de mercado em março de 2018, entrando para o time de “unicórnios” brasileiros, após receber investimentos de fundos da China e da Rússia. Em julho de 2019, foi a primeira startup brasileira a se tornar um “decacórnio”, avaliada em mais de US$ 10 bilhões.
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