Em seus primeiros comentários públicos desde que a Stellantis NV confirmou estar em busca de um sucessor, o CEO Carlos Tavares indicou que está aberto a deixar a montadora em pouco mais de um ano.
Deixar o cargo quando seu contrato expirar, no início de 2026, é “uma opção”, disse Tavares a repórteres na quinta-feira, em uma coletiva de imprensa em Sochaux, na França. Questionado se poderia sair antes disso, o executivo de 66 anos respondeu: “Eu assinei um contrato.”
Tavares está sob pressão devido à queda nas vendas na América do Norte, atrasos no lançamento de novos modelos na Europa e à ameaça de greves sindicais nos EUA e na Itália. Esses desafios ocorrem em um momento em que a indústria automotiva enfrenta uma desaceleração na demanda por veículos elétricos, culminando com a Stellantis reduzindo suas previsões de lucro no início desta semana.
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O CEO da Stellantis tem implementado cortes de custos rigorosos, já que a empresa enfrenta uma demanda enfraquecida por carros elétricos e uma concorrência crescente dos fabricantes chineses. Nos EUA, as marcas Jeep e Chrysler estão enfrentando excesso de estoque, problemas de qualidade e queda na participação de mercado.
Nas últimas semanas, Tavares tem exigido cortes orçamentários adicionais para proteger a lucratividade, o que gerou preocupações de que sua postura agressiva em busca de eficiência possa, a longo prazo, prejudicar projetos e fluxos de receita, conforme reportado pela Bloomberg News na semana passada.
‘Houve uma certa falta de habilidade…’
O pressionado CEO adotou um tom desafiador na quinta-feira, quando questionado sobre o alerta de lucros desta semana, que surpreendeu investidores e analistas. Ele atribuiu a situação a um “pequeno erro operacional” nos EUA que, segundo ele, “de forma alguma” coloca em dúvida sua estratégia.
Tavares destacou que a indústria automotiva como um todo está enfrentando dificuldades, mencionando que concorrentes e fornecedores também estão sob pressão.
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A Stellantis voltou a pedir que seus fornecedores reduzam custos para ajudar a tornar os veículos elétricos mais acessíveis aos consumidores e aumentar a demanda.
Tavares admitiu que houve “uma certa falta de habilidade” ao lidar com os funcionários, após reclamações de sindicatos e gestores de que os esforços contínuos para cortar empregos têm gerado instabilidade, levando à perda de talentos e problemas de desempenho.
Ainda assim, ele afirmou que tem “bastante” tempo para resolver os diversos desafios que a empresa enfrenta antes do fim de seu contrato em 2026.
A Stellantis continua lucrativa, afirmou Tavares: “A empresa não está em risco.”
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