A empresa agora prevê que as vendas líquidas orgânicas para o ano cairão de 3% a 3,5%. Anteriormente, a projeção era de uma queda menor, entre 1,5% e 3,5%. A Kraft Heinz citou o crescimento mais lento nos mercados emergentes e a “pressão” no varejo dos EUA como motivos para a redução de sua previsão de lucro.
As ações da Kraft Heinz caíram cerca de 4,3% na quarta-feira. Os papéis acumulam queda de 17% neste ano até o fechamento do mercado nesta terça-feira (28), em comparação com uma alta de 17% do índice S&P 500.
Abrams-Rivera afirmou que os preços mais altos devido à inflação e as dificuldades esperadas com a redução do financiamento do programa de assistência alimentar criaram um “ambiente difícil” para os consumidores americanos. “Prevemos que essas pressões persistirão além do quarto trimestre, levando a uma recuperação mais lenta por parte do consumidor.”
Outras grandes empresas de alimentos industrializados também apontaram para a pressão sobre os consumidores americanos, principalmente em famílias de baixa renda. A Mondelez, por exemplo, afirmou que os consumidores, pressionados pelo orçamento, estão priorizando a compra de itens essenciais em vez de lanches.
Analistas de mercado, contudo, têm uma visão oposta: eles disseram que essas empresas produzem justamente os tipos de alimentos processados dos quais os americanos estão se afastando, optando por alternativas mais saudáveis. “Continuamos acreditando que o principal fator que impulsiona a fraqueza no mercado de snacks nos EUA é a mudança nas preferências do consumidor”, escreveu Max Gumport, analista do BNP Paribas, em um relatório no mês passado.
Outros setores, incluindo companhias aéreas e varejo, não registraram preocupações significativas em relação ao sentimento do consumidor. O CEO da United Airlines, Scott Kirby, afirmou que prevê uma melhora na demanda por viagens no outono. Já a Procter & Gamble (P&G) divulgou na semana passada vendas melhores do que o esperado, e seu diretor financeiro classificou o ambiente de compras como “estável”.
A indústria alimentícia enfrenta alguns desafios específicos, incluindo o aumento dos custos dos ingredientes, o impacto dos medicamentos para perda de peso e o esperado corte no auxílio alimentar para 42 milhões de americanos no sábado, caso a paralisação do governo continue.
“A paralisação do governo não vai contribuir para a confiança do consumidor”, disse o CEO da Mondelez, Dirk Van De Put, em uma teleconferência sobre resultados financeiros nesta quarta-feira (29).
A divisão na Kraft Heinz
A Kraft Heinz, fabricante do macarrão com queijo Kraft e do ketchup Heinz, também está se preparando para dividir seus negócios, o que está previsto para acontecer no segundo semestre do próximo ano.
A empresa tem enfrentado dificuldades para convencer os investidores sobre seus planos de dividir suas marcas em duas empresas, em um momento em que os consumidores estão, em geral, se afastando dos alimentos processados. Uma delas abrigará suas marcas de crescimento mais rápido, incluindo condimentos como o ketchup Heinz e refeições prontas, enquanto a outra reunirá seus produtos básicos de mercearia de crescimento mais lento, como os frios Oscar Mayer e os Lunchables.
No terceiro trimestre, a Kraft Heinz reportou uma queda de 2,5% na receita orgânica, que exclui efeitos cambiais e outros itens, um resultado mais acentuado do que a média das projeções dos analistas. As vendas de café, frios, salgadinhos congelados e alguns condimentos diminuíram.