A chinesa Geely está comprando uma participação na unidade brasileira da Renault, em um acordo que permitirá à montadora chinesa produzir veículos na fábrica da parceira no país, com o objetivo de ampliar as vendas na América do Sul.

A Geely assumirá 26,4% de participação na operação da Renault do Brasil, o que também dará à controladora da marca Volvo acesso à rede de distribuição e ao centro de engenharia da Renault, informaram as empresas nesta segunda-feira.

A montadora francesa, por sua vez, aumentará a produção em sua planta de Curitiba e terá acesso às plataformas de veículos de múltiplas energias da Geely, fortalecendo sua linha de carros de baixas e zero emissões. Os parceiros não divulgaram os detalhes financeiros do acordo.

A Renault vem firmando diversas parcerias tecnológicas para crescer fora da Europa. O grupo assinou acordos com Qualcomm, Google e a própria Geely, inclusive na Coreia do Sul. Ao mesmo tempo, as montadoras chinesas estão se expandindo na Europa, aumentando a concorrência com modelos acessíveis — exatamente o tipo de veículo pelo qual a Renault é conhecida.

“O mercado brasileiro está mudando muito, os fabricantes chineses estão crescendo rapidamente”, disse o diretor de crescimento do grupo francês, Fabrice Cambolive, em entrevista coletiva. “A participação dos veículos elétricos ainda é pequena, mas há uma demanda crescente por híbridos leves e híbridos.”

A Renault do Brasil mudará de nome, e o conselho da nova entidade terá representantes de ambas as empresas. O CEO será escolhido entre os quadros da Renault, que permanecerá como acionista controladora.

Atualmente com 5% de participação de mercado no Brasil, a Renault deve dobrar esse número em cinco anos com o novo acordo, em parceria com a Geely, afirmou Cambolive. O acordo prevê a produção de até 400 mil veículos por ano no país, incluindo modelos como o Kardian, um crossover compacto. No ano passado, a Renault montou cerca de 180 mil unidades no Brasil.

“Vamos compartilhar nosso know-how — a Geely nos dará acesso às suas plataformas”, disse Cambolive, citando alianças anteriores, como a que a Renault mantém com a japonesa Nissan Motor Co. “O objetivo agora é acelerar a segunda etapa do nosso plano internacional.”