A rival chinesa de Elon Musk no mercado de internet via satélite planeja iniciar operações no Brasil em 2026, segundo informou Jason Jie Zheng, diretor da SpaceSail, empresa com sede em Xangai, em entrevista à Bloomberg News nesta terça-feira (19).
Jie Zheng assinou um memorando de entendimento com a Telebras para estudar a demanda por internet via satélite em áreas onde a infraestrutura de fibra óptica não é viável.
O acordo foi firmado durante a visita do presidente Xi Jinping ao Brasil, onde participou da cúpula do G20 no Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (20), Xi deve assinar uma série de acordos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em Brasília.
Lula busca na China uma parceria para impulsionar o desenvolvimento econômico do Brasil, mas essa aproximação pode gerar atritos com Donald Trump, presidente eleito dos Estados Unidos, que promete adotar uma postura mais dura em relação à China e sua expansão nas Américas.
Os investimentos chineses no Brasil estão saindo do papel e se tornando realidade. Entre os exemplos estão a maior operação da BYD fora da Ásia no setor de veículos elétricos e uma parceria local com a fabricante chinesa de smartphones Oppo.
Em uma breve entrevista após o evento de terça-feira à noite, Jie Zheng afirmou que a SpaceSail começará a oferecer internet no Brasil dentro de dois anos e abrirá uma subsidiária no país até o final deste ano.
“Nosso memorando com a Telebras não é apenas uma parceria, mas também um compromisso compartilhado de capacitar as regiões menos atendidas do Brasil”, disse Zheng em discurso.
“Combinando a expertise da Telebras com as soluções avançadas da SpaceSail, buscamos apoiar a iniciativa nacional do Brasil com nossos serviços de banda larga e soluções industriais digitais, ampliando o acesso a serviços essenciais, como educação, saúde pública e governo.”
Jie Zheng, diretor da SpaceSail
A SpaceSail lançou seu primeiro lote de 18 satélites em órbita em agosto, seguido por um segundo lançamento com outros 18 no mês passado. Ainda faltam mais de 600 satélites para completar a primeira fase da constelação planejada, prevista para estar operacional até o final do próximo ano.
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O evento desta semana ocorreu após uma visita de representantes do governo brasileiro à sede da SpaceSail em outubro, logo após um embate de meses entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal, que resultou em multas milionárias e no bloqueio da rede social X no Brasil.
No auge da disputa, as contas bancárias da Starlink no Brasil foram congeladas para forçar a X a cumprir ordens judiciais. Musk acabou cedendo, as contas foram desbloqueadas e o acesso à rede social foi restabelecido no país.
A Starlink é a líder no mercado de internet via satélite, com 46% de participação no Brasil. No entanto, no mercado total de banda larga, a empresa de Musk detém apenas 0,5%, com 265 mil clientes até setembro.
O ministro das Comunicações, Juscelino Filho, negou qualquer relação de retaliação entre o conflito do Brasil com Musk e a aproximação com os concorrentes chineses.
“O Brasil está sempre de braços abertos para quem puder oferecer serviços de qualidade com preços justos e segurança para a população brasileira”, afirmou o ministro a jornalistas. “Nada é bom em qualquer setor quando só existe um único fornecedor.”
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