A Amazon.com alertou investidores que pode enfrentar restrições de capacidade em sua divisão de computação em nuvem, apesar do plano de investir cerca de US$ 100 bilhões neste ano. A maior parte desse valor será destinada a centros de dados, chips desenvolvidos internamente e outros equipamentos para fornecer serviços de inteligência artificial (IA).
O CEO da empresa, Andy Jassy, tem investido pesado para consolidar a Amazon como um verdadeiro “supermercado de IA” e manter a liderança da companhia no setor de computação em nuvem. No entanto, ele advertiu que o crescimento pode ser “irregular” e sugeriu que a Amazon pode enfrentar desafios relacionados a atrasos na entrega de hardware e falta de eletricidade suficiente para atender à demanda.
“É verdade que poderíamos estar crescendo mais rápido se não fossem algumas restrições de capacidade”, disse Jassy durante uma conferência com analistas na quinta-feira, após a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2024.
Os desafios da Amazon refletem os mesmos obstáculos enfrentados pela Microsoft, que na semana passada afirmou que seu crescimento nas vendas na nuvem foi impactado pela falta de capacidade em seus centros de dados para lidar com a demanda por produtos de IA.
Jassy destacou que a limitação no fornecimento de chips — tanto de terceiros quanto da própria unidade de design da Amazon — e a capacidade energética estão dificultando a expansão da Amazon Web Services (AWS). Ele prevê que esses desafios devem ser reduzidos apenas no segundo semestre de 2025.
Investimentos massivos em IA
Nos últimos três meses de 2024, a Amazon investiu US$ 26,3 bilhões em despesas de capital, sendo a maior parte direcionada a projetos de IA dentro da AWS. Jassy indicou que esse nível de investimento deve continuar ao longo de 2025.
A receita da AWS cresceu 19% no quarto trimestre, totalizando US$ 28,8 bilhões. Foi o terceiro trimestre consecutivo com esse ritmo de crescimento. O lucro operacional da divisão foi de US$ 10,6 bilhões, superando a projeção média do mercado de US$ 10,1 bilhões.
Ainda assim, o alerta sobre os desafios de crescimento na AWS acabou ofuscando um trimestre de feriados sólido para a Amazon, que continua enfrentando forte concorrência de varejistas como o Walmart, além de plataformas emergentes de descontos como Temu e Shein.
Projeções preocupantes
Os gastos elevados na corrida pela inteligência artificial devem pressionar os lucros. A Amazon projeta um lucro operacional entre US$ 14 bilhões e US$ 18 bilhões no primeiro trimestre de 2025, abaixo da média estimada por analistas, de US$ 18,2 bilhões. Já a receita deve alcançar no máximo US$ 155,5 bilhões, enquanto as projeções de mercado indicavam US$ 158,6 bilhões.
Segundo Gil Luria, analista da DA Davidson & Co., as preocupações imediatas dos investidores estão relacionadas à projeção para o primeiro trimestre, que ficou abaixo das expectativas, principalmente devido ao impacto da variação cambial e ao fato de que 2024 teve um dia extra no calendário (ano bissexto), o que aumentou as vendas do período em cerca de US$ 1,5 bilhão.
No quarto trimestre, a receita total da Amazon subiu 10%, para US$ 187,8 bilhões, ligeiramente acima das previsões dos analistas. O lucro operacional foi de US$ 21,2 bilhões, superando a estimativa média de US$ 18,8 bilhões.
As despesas operacionais subiram 6,2%, atingindo US$ 166,6 bilhões, marcando o oitavo trimestre consecutivo em que a receita da Amazon cresce mais rápido que os custos. A empresa encerrou o trimestre com mais de 1,55 milhão de funcionários, um aumento de 2% em relação ao ano anterior.