A República Democrática do Congo estendeu por mais três meses a proibição das exportações de cobalto, prolongando seus esforços para conter o excesso de oferta no mercado internacional – e levantar os preços.

Responsável por 75% da produção global do metal, que vai nas baterias dos carros elétricos, o Congo tinha bloqueado os embarques por quatro meses a partir de 22 de fevereiro. Motivo: oferta tinha aumentado, e o preço, caído, nos últimos anos, à medida que o grupo chinês CMOC ampliou a produção em duas grandes minas no país africano.

A suspensão das exportações será prorrogada “devido ao nível ainda elevado de estoque no mercado”, informou a Autoridade de Regulação e Controle dos Mercados de Substâncias Minerais Estratégicas, conhecida como ARECOMS, em comunicado compartilhado com a Bloomberg. O documento, datado deste sábado (21), foi assinado pelo presidente do órgão regulador, Patrick Luabeya.

A suspensão inicial entrou em vigor logo após os preços de referência do metal caírem abaixo de US$ 10 por libra — um nível que não era registrado há 21 anos, exceto por uma breve queda no fim de 2015, segundo dados da Fastmarkets. Desde então, os preços subiram quase 60%, enquanto o preço do hidróxido de cobalto — principal produto exportado pelo Congo — dobrou.

O país também estuda opções de longo prazo para o cobalto congolês, incluindo a adoção de cotas de exportação, com o objetivo de sustentar os preços e incentivar o processamento interno. A ARECOMS anunciará uma nova decisão antes do fim da prorrogação, que poderá “modificar, estender ou encerrar essa suspensão temporária”, disse o comunicado.

O governo do presidente congolês Félix Tshisekedi busca exercer maior controle sobre os preços do cobalto, alinhando a oferta à demanda global. Analistas alertam, porém, que controles excessivos e preços elevados podem acelerar a migração das fabricantes para baterias de veículos elétricos que não utilizem o metal. A CMOC tem defendido argumentos semelhantes junto ao governo.

Depois da CMOC, os maiores produtores de cobalto são a gigante de commodities Glencore e a Eurasian Resources Group, apoiada pelo Cazaquistão — ambas operam ativos relevantes no Congo.

O país africano também é o segundo maior produtor mundial de cobre, que é minerado junto com o cobalto. As exportações de cobre não são afetadas pela proibição.