A CPFL Energia (CPFE3) fechou o primeiro trimestre do ano com crescimento de dois dígitos nas principais linhas do balanço, impulsionado por desempenhos positivos nas unidades de distribuição e geração de energia e pelos primeiros resultados da estratégia de recuperação no negócio de transmissão.
O lucro líquido da companhia elétrica atingiu R$ 1,65 bilhão nos primeiros três meses do ano, aumento de 42% em relação à igual período de 2022. Já o Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) alcançou R$ 3,53 bilhões, alta de 33,6%, segundo balanço divulgado nesta quinta-feira.
Analistas, em média, esperavam lucro líquido de R$ 1,38 bilhão e Ebitda de R$ 3 bilhões, segundo dados da Refinitiv.
Na distribuição de energia, um dos principais segmentos de atuação do grupo controlado pela chinesa State Grid, o destaque foi o crescimento do consumo residencial, de 0,7% frente ao primeiro trimestre do ano passado.
O presidente-executivo da CPFL, Gustavo Estrella, avalia que o desempenho do mercado residencial foi “importante” no período, considerando que ele ocorre em um contexto de forte avanço da geração distribuída solar e de um consumo industrial ainda andando “de lado”.
“Tem reflexo da melhora de massa de renda que tivemos no final do ano passado e começo deste ano. Nossa expectativa é que não se sustenta até o final do ano”, ponderou, em conversa com a Reuters.
Já do lado da inadimplência nas contas de luz, medida pela “PDD”, a CPFL apurou queda de 22,7% na comparação anual, com efeito positivo tanto de redução de tarifas quanto do elevado nível de cortes realizados.
“O ponto aqui é só o custo que isso vem sendo feito, continuamos mantendo um volume alto de cortes, ainda acima de 200 mil cortes por mês, então tem sido difícil controlar essa inadimplência… Sentimos que ainda não dá pra afrouxar um pouco as medidas de combate à inadimplência nesse momento.”
Renovação de concessões
Segundo Estrella, a CPFL tem uma visão alinhada à do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em relação à renovação dos contratos de concessão de distribuidoras a partir de 2025.
Conforme declarações recentes de Silveira, o processo não deverá envolver pagamentos de outorga para que as empresas mantenham os ativos, mas deverá exigir “contrapartidas sociais” por parte das distribuidoras, envolvendo por exemplo projetos de eficiência energética.
“Hoje, existem várias ações no setor, mas muito dispersas. A ideia é que a gente concentre tudo isso aqui e faça-se um grande projeto social dentro do setor elétrico, capitaneado pelo governo e executado pelas empresas, essa é um pouco a ideia que o ministro tem na mesa”, disse o presidente da CPFL, que participa das conversas com o governo para renovar algumas de suas concessões.
O executivo ressaltou que o ministério tem dialogado bastante com as empresas em uma dinâmica “muito positiva”. “Acho que uma definição (das diretrizes para renovação contratual) sai antes de dezembro, é a minha expectativa”.
Em relação a oportunidades de crescimento, a CPFL continua avaliando potenciais negócios, como a aquisição da distribuidora do Ceará colocada à venda pela Enel e a disputa por lotes de transmissão em leilões do governo, disse Estrella.
“Temos um cenário mais desafiador de crédito no mercado, mas para uma empresa para a CPFL, com meu nível de risco e suporte do meu acionista, isso não é uma restrição (para buscar crescimento)”, afirmou.
O executivo afirmou ainda que, no caso de ativos deficitários e complexos como Light e Amazonas Energia, seria necessária “solução regulatória específica” para que fizesse sentido a companhia avaliar uma oportunidade de compra.
“Com tudo o mais constante hoje, eu diria que tem muita dificuldade de a gente conseguir enxergar criação de valor nessas duas áreas”, comentou.
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