A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) adiou por 21 dias as assembleias de acionistas da BRF e da Marfrig que iriam votar a fusão entre as empresas. As reuniões estavam marcadas para 18 de junho, nesta quarta-feira.
A Marfrig informou, por meio de fato relevante, que a CVM “não identificou elementos que
justificam a interrupção e, consequentemente, indeferiu o pedido de interrupção da assembleia”. No entanto, “solicitou a disponibilização de determinadas informações adicionais utilizadas pelos comitês
independentes das companhias, deferindo pedido de adiamento pelo prazo de 21 dias contados
da respectiva disponibilização”.
Conforme o comunicado, a Marfrig e a BRF avaliam em conjunto o teor da decisão,
bem como as eventuais medidas cabíveis. Entre as iniciativas, as companhias estudam fazer ao regulador um pedido de reconsideração.
A decisão se refere a uma representação da gestora Latache Capital, acionista minoritário da BRF.
A fusão entre as gigantes do setor de proteínas animais enfrentam outras tentativas de bloqueio. No dia 12 de junho, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) admitiu a Minerva como terceira interessada na análise da fusão entre BRF e Marfrig.
A decisão conferiu à companhia o direito de participar do processo e apresentar argumentos formais contra a operação. Em sua manifestação ao Cade, a Minerva sustenta que a incorporação da BRF pela Marfrig pode afetar diretamente a concorrência nos mercados de carne bovina in natura e alimentos processados.
A empresa também cita o risco de alinhamento estratégico indevido entre as companhias envolvidas, diante da presença do fundo soberano saudita Salic no capital tanto da BRF quanto da própria Minerva.
A entrada da Salic na equação amplia a complexidade. O fundo soberano saudita, ligado ao PIF (Public Investment Fund), é um dos principais acionistas da Minerva e, com a fusão, passará a ter presença também na nova companhia resultante da incorporação — a MBRF Global Foods.