A Vibra Energia (VBBR3) anunciou nesta quarta-feira (20) que Wilson Ferreira Júnior pediu desligamento do cargo de CEO ao conselho de administração da empresa, aumentando as expectativas de que o executivo retorne à Eletrobras (ELET3; ELET6), empresa que presidia até o ano passado.
Segundo fato relevante, o executivo relatou sua intenção de “buscar novos desafios em sua trajetória profissional”. Ele continuará no cargo até a data do seu desligamento, que será devidamente divulgada ao mercado, acrescentou a Vibra.
Segundo uma fonte com conhecimento do assunto, que pediu anonimato, o retorno de Ferreira Júnior à Eletrobras é “bem possível”, mas ainda não está formalizado, o que só deve ocorrer após a eleição do novo conselho de administração da companhia.
A assembleia de acionistas que vai eleger o novo board para a Eletrobras pós-privatização está marcada para 5 de agosto.
A expectativa é de que o conselho faça mudanças também na direção da companhia. O atual CEO da Eletrobras, Rodrigo Limp, pode ficar com a recém-criada diretoria de Regulação e Relações Institucionais. Limp já está à frente desse cargo de forma interina.
Procurada, a Eletrobras afirmou que o novo conselho será eleito em assembleia no próximo mês e que “qualquer nova informação sobre o tema será comunicada formalmente ao mercado”.
Pelo novo estatuto da companhia elétrica, o CEO não precisa necessariamente ser integrante do conselho de administração.
Passado na Eletrobras
Ex-CEO da Eletrobras entre 2016 e o ano passado, Ferreira Júnior renunciou à direção da ex-estatal de energia elétrica depois de ter conduzido uma ampla reestruturação que levou à melhora dos resultados da companhia, através de redução de custos, venda de participações societárias e saída da Eletrobras do segmento de distribuição de energia com a alienação de seis concessionárias.
Em nota a clientes enviada nesta quinta-feira, o Credit Suisse comentou a possibilidade de volta de Ferreira Júnior à companhia elétrica.
“Caso confirmada, o mercado deve vê-la como positiva, já que ele foi CEO em 2016-2021 e iniciou o turnaround da companhia, de forma que a implementação do novo plano de eficiência deve ser mais rápida”, afirmou o banco.
Já no caso da Vibra, Ferreira Júnior deixa a companhia depois de ter iniciado um processo de reposicionamento estratégico da distribuidora de combustíveis, que passou a atuar de forma mais ampla no setor energético.
Um dos principais movimentos sob sua gestão foi a aquisição pela Vibra do co-controle da Comerc, comercializadora e geradora de energia elétrica. Além disso, novas iniciativas também ganharam espaço, como projetos em biogás, combustível sustentável de aviação e mobilidade elétrica.
Analistas de bancos disseram ver como negativa a saída do executivo, mas ponderaram que a administração atual da Vibra deve continuar entregando bons resultados, não sendo esperada nenhuma mudança relevante no atual plano de negócios da companhia.
Em reação à notícia, as ações da Vibra disparavam mais de 6% nesta quarta-feira –movimento justificado por analistas pelo fim das incertezas que pairavam sobre os papéis desde que surgiram rumores sobre a possibilidade da saída do CEO.
“Acreditamos que um dos aspectos para o mau desempenho recente das ações da empresa (Vibra) vem dos rumores de mudanças na alta administração, o que parece estar mais do que refletido no preço atual”, disse o Citi, em nota a clientes.
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