É melhor prevenir do que remediar. Ainda que, para uma indústria farmacêutica, o dito popular possa parecer um contrassenso, a Eurofarma fez exatamente isso: convocou uma assembleia geral dos debenturistas de sua 7ª emissão. Isso para convencer os detentores desses títulos de dívida a desistir de uma eventual possibilidade de pedirem o vencimento antecipado dos papéis.

A reunião, segundo fato relevante divulgado nesta sexta-feira, ficou marcada para 23 de junho. Em jogo está o risco de ter de desembolsar quase R$ 3 bilhões de uma vez para liquidar a dívida.

Essa possibilidade passou a ocorrer porque os resultados do primeiro trimestre mostram que um dos gatilhos que permitem a solicitação de vencimento antecipado foi ultrapassado. Trata-se da exigência de que o nível de endividamento do grupo permaneça abaixo de 4 vezes a relação entre a dívida líquida e o ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), que funciona como uma medida do lucro operacional ou capacidade de geração de caixa de uma empresa.

Nos fim dos três primeiros meses de 2025, a relação dívida líquida/ebitda passou para 4,08 vezes. Um dos fatores por trás dessa elevação ocorreu em fevereiro, quando a Eurofarma exerceu sua opção de compra na Ocean Drop, consolidando a participação como controladora da empresa, que atua no segmento de suplementação alimentar com base em nutrientes marinhos e personalização de vitaminas.

Na assembleia, a Eurofarma vai propor o pagamento de um prêmio extra aos debenturistas para que renunciem ao direito de acionar a cláusula de vencimento antecipado. Esse percentual vai ser definido no encontro no fim de junho.

A série de debêntures, originalmente, remunera os investidores com a variação do CDI mais 1,30% ao ano de “spread” (prêmio). Em março do ano passado, a companhia captou R$ 3 bilhões na operação. A série, lançada em março de 2024 e com vencimento em março de 2031, tem como agente fiduciário a Pentagono DTVM.

No primeiro trimestre deste ano, a Eurofarma registrou uma dívida líquida de R$ 7,7 bilhões, com alta de 4,6% ante o mesmo período de 2024, e um ebitda de R$ 1,88 bilhões, com avanço de 1,7%. Já o endividamento bruto permaneceu em R$ 9,3 bilhões. O lucro líquido no período alcançou R$ 229,4 milhões com crescimento anual de 29,8%. A receita líquida subiu 8,1% para R$ 3,06 bilhões.