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Negócios

‘Nossas 413 escolas vão continuar fechadas em 2021’, diz Flávio Augusto

Empresário descarta abertura de capital no 1º trimestre, mas entre seus projetos para 2021 estão o inglês via streaming e a procura de jovens talentos.

ENTREVISTA COM O EMPRESÁRIO FLÁVIO AUGUSTO PARA O INVESTNEWS

Todo ano, Flávio Augusto da Silva, presidente da holding Wiser Educação e fundador da rede de escolas de inglês Wise Up, reunia cerca de 4 mil empreendedores do Brasil todo, em São Paulo, para falar de inovação e negócios.

Com a pandemia, muita coisa mudou e até ele também teve que se adaptar aos novos tempos, migrando a 5ª edição do “Power House” para um evento digital com 6 horas de duração que aconteceu no último sábado (30).

Mas esta não foi a única transformação na vida do empresário. Ele que tinha conseguido multiplicar um empréstimo de R$ 20 mil em um império de bilhões, enxergou na pandemia uma ameaça de extinção para as suas escolas.

Ele revela que a transformação precisou ser rápida, fortalecendo a plataforma de estudos Wise Up online, que conseguiu ganhar 200 mil alunos mesmo na crise e com um ticket baixo.

Com as suas 413 escolas fechadas ainda em 2021, agora ele aposta no streaming como um meio para fortalecer seu negócio e dos franqueados. “Enxergamos mais o inglês como uma academia de ginástica do que uma sala de aula convencional”, explica ele, que pretende lançar em breve uma série em inglês para crianças ao estilo Netflix e uma de notícias.

Em entrevista ao InvestNews, Flávio Augusto nega comparações de que ele seria o Elon Musk brasileiro, comenta os planos de abertura de capital de sua empresa na bolsa e revelou quais as inovações implantadas no seu negócio. Além disso, o empresário revela seus planos para 2021, possíveis aquisições e abertura de capital na bolsa. Ele também fala sobre a Universidade da Matrícula, seu programa para filtrar talentos e tornar estes empreendedores, que já teve 30 alunos formados. Confira a seguir alguns trechos da entrevista

InvestNews- Inovação e desapego foram duas palavras muito citadas no Power House 2021. Na pandemia, a Wise Up investiu no ensino online e até criou um “Netflix” do Inglês. Como você usa a inovação e o desapego nos negócios?

Flávio Augusto – A pandemia te dá aquele senso de sobrevivência, ou você inova ou você morre. Imagina ter 400 escolas e elas estão fechadas, aliás as minhas escolas estão fechadas até hoje. Desde 15 de março nós as fechamos e a grande maioria permanece assim até agora.

E vão continuar fechadas em 2021, porque com o agravamento do contágio pela covid-19, do número de mortes, muitas cidades estão fechando seus mercados de volta. Belo Horizonte está fechada, Manaus e Pará também. São Paulo estava fechando aos finais de semana. Quanto tempo vai durar esse vaivém? Ninguém sabe.

Ah! Mas tem vacina! Ok, mas quando vai ter vacina para a população inteira? Alguns falam que no final de 2021, outros na metade do ano que vem.

73% dos meus alunos não querem voltar para sala de aula sem vacina, segundo uma pesquisa que fizemos na empresa. Esse cenário nos da uma “forcinha” para inovar, mas também nos leva a reflexão.

A Wiser é uma empresa que sempre inovou, quebrou barreiras em um setor muito tradicional e quadrado, com empresas que inovam muito pouco. Crescemos por conta disso, mas a covid-19 nos trouxe uma ameaça de extinção, conseguimos lidar, deu tudo certo e agora em 2021, a gente está mais planejado, embora não esperamos que as nossas escolas sejam abertas este ano.

Prevemos o pior cenário possível e estamos trabalhando nele, se o melhor vier será lucro.

IN$ – Um dos problemas da educação brasileira é que não existe um lugar para formar empreendedores. Desde o primeiro semestre de 2019, vocês tem focado na educação dos franqueados por meio da Universidade da Matrícula. Como funciona e quantas turmas já se formaram?

Flávio Augusto – Começamos a trabalhar neste projeto em 2019, infelizmente 2020 deu uma bagunçada por conta da pandemia, porque a Universidade da Matrícula funciona em São Paulo e reúne alunos de todo o Brasil.

Em março de 2020, todos voltaram para as suas cidades e ficaram trabalhando de suas casas para desenvolver um programa alternativo para estes alunos. Mesmo com toda essa dificuldade, conseguimos formar mais de 30 novos franqueados na Universidade da Matrícula.

O programa funciona assim: fazemos um processo seletivo para quem quer fazer um curso sobre vendas e gestão nas nossas dependências em São Paulo. E esse curso ensina tudo sobre como operar o nosso negócio a partir de vendas, gestão, como operar uma franquia da Wise Up. Seja presencial ou edutech, que vende os produtos digitais.

Os alunos que são aprovados no curso, além de se formarem na Universidade da Matrícula tem acesso a um crédito de até R$ 500 mil.

A gente aporta dinheiro, capital na pessoa para que ela abra sua própria franquia dentro da Wise Up financiada com juros bem baixos, ao estilo BNDES, feitos com o nosso capital próprio. E os alunos abrem as escolas e franquias por meio deste programa. [Confira no vídeo todos os detalhes sobre como participar o programa e ter acesso ao empréstimo]

É um programa muito recompensador porque ajuda jovens talentosos, cheios de vontade de fazer acontecer mas que não tem dinheiro nem know-how. Então nós aportamos o capital e expandimos a nossa rede rapidamente.

IN$ – Sobre o IPO da Wiser Educação, o jornal “O Globo” noticiou recentemente que vocês tinham protocolado um pedido na CVM em novembro para abrir capital ainda no 1º trimestre de 2021. É verdade que estão na fila das 40 companhias que vão fazer IPO na B3?

Flávio Augusto – Sim, nós queremos abrir capital na bolsa brasileira e devemos certamente fazer isso um dia. Mas não temos nada protocolado na CVM nem vamos protocolar nada agora no 1º trimestre.

Mas um dia vamos tornar a empresa pública, isso faz parte dos nossos projetos. Então quem sabe em breve a gente volte a falar sobre isso.

IN$ – Tem muita empresa de olho no mercado de capitais brasileiro, você prefere o Brasil ou Wall Street?

Flávio Augusto – Brasil é um bom mercado, um país enorme com 200 milhões de habitantes e 100 milhões na classe média. Um país com muitos problemas, carências que precisam de solução.

Essa solução você pode chamar de empresas, elas servem para resolver problemas. Então Brasil é um cenário perfeito para o empreendedorismo por estes motivos. Um lugar com problemas, carência e população é bom para empreender, se você vai em Portugal por exemplo, tem menos problemas e população, então as opções são menores.

Sobre o mercado financeiro, se vamos abrir capital nos Estados Unidos ou no Brasil, primeiro vamos esperar ter a decisão de abrir capital e pensar qual é a melhor alternativa no momento. Depende de muitos fatores que envolvem o processo.

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