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Negócios

Fusão entre Enauta e 3R pode criar ‘nova Prio’

Nova empresa teria tamanho para brigar por espaço com a Prio, a número dois entre as brasileiras

Junior oil, mas nem tanto. De uma possível fusão entre a 3R Petroleum e a Enauta surgiria uma empresa capaz de brigar por espaço – leia-se: concessões e campos de petróleo – com a Prio, a segunda maior produtora entre as empresas de origem brasileira.

Tomando fevereiro como referência, a Prio produziu 82,8 mil barris de óleo equivalente (Boe) por dia, enquanto a soma de Enauta e 3R resulta em pouco mais de 70 mil.

“E tem sinergia”, avalia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). “A Enauta produz mais no mar; a 3R é mais onshore. Essa nova empresa pode ter uma competitividade maior tanto para comprar ativos quanto para participar de leilões e disputar com a Prio”, diz.

Em 2021, a Prio venceu a disputa pelos campos de Albacora e Albacora Leste, na Bacia de Campos. Teve como rival um consórcio que incluía, além da Enauta, também a própria 3R Petroleum e a EIG Partners.

A proposta da Enauta foi divulgada nesta terça-feira (2) e atravessou o samba da PetroReconcavo, que em janeiro foi abordada por uma 3R interessada em casamento. Com um novo pretendente no páreo, a 3R paralizou as negociações com a PetroReconcavo por 30 dias.

A iniciativa da Enauta exige entender dois contextos: o da empresa em si, e o do mercado das junior oils no Brasil.

Primeiro, a Enauta

Em março, o Bradesco se tornou o maior acionista da companhia após converter dívidas da Queiroz Galvão em participação na petroleira. São 25,5% do capital nas mãos do banco da Cidade de Deus, 15,6% com a gestora Jive e agora só 15% da Queiroz Galvão, para citar as três maiores participações.

Dias depois, a Enauta vendeu por US$ 301,7 milhões uma participação nos campos Atlanta e Oliva para a americana Westlawn Americas Offshore. Para Pires, é o money no bolso da Enauta que ajuda a entender o movimento de hoje.

“A Enauta está passando por uma transformação. Agora os grandes acionistas têm um perfil mais financeiro, arrojado. Produzir no mar exige capital intensivo”, pontua.

Agora, as junior oils

Não tem mistério. As petroleiras de menor porte vinham atuando nas rebarbas da Petrobras, que tocou um grande plano de desinvestimentos nos últimos anos. Isso abriu oportunidade para quem queria atuar na revitalização de campos de petróleo mais maduros. Mas essa torneira secou.

O governo Lula paralisou a venda de ativos e obrigou as petroleiras menores a repensar suas estratégias. Isso inclui M&As – um cenário de consolidação que está se desenhando com mais clareza agora. É necessário unir forças para se manter no jogo.

Outro ponto é a macroeconomia mesmo. Mesmo com a Selic descendo, a política monetária segue bastante restritiva, e isso constitui um desafio adicional para qualquer empresa que precise de capital intensivo. Mais um incentivo para os M&As.

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