Os chamados curtailment, um dos principais problemas do setor elétrico brasileiro, acontece por limitações impostas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) às usinas eólicas e solares, por razões operativas como gargalos na rede de transmissão de energia e outros fatores.
Além dos prejuízos, as paradas também têm atingido os chamados autoprodutores, como a Gerdau, que opera o parque solar Arinos, localizado na cidade de mesmo nome de Minas Gerais, em parceria com a Newave Energia. O complexo, inaugurado em meados deste ano, recebeu investimentos de R$ 1,5 bilhão.
“Temos um parque no interior de Minas com mais de 750 mil painéis solares. Eu aloco o capital e o operador do sistema corta meus parques”, disse Werneck, durante apresentação no Neosummit COP30.
Segundo ele, o parque está “operando com curtailment de 70%”.
Para o executivo, a situação espelha que uma das “grandes dores de cabeça do empresário no Brasil é a energia”.
Ele comentou também que a Gerdau fez grande investimento para produzir todos os aços necessários para a indústria de energia eólica, da base do aerogerador até o eixo principal. “E agora esta indústria acabou”, referindo-se aos produtores de equipamentos que deixaram o Brasil.
Werneck citou também o preço do gás do Brasil, que tira a competitividade da indústria siderúrgica brasileira.
“O gás natural, que é o insumo mais relevante para trazer competitividade para indústria brasileira para descarbonizar, continua com preço absurdo”, afirmou, citando que a empresa, que opera há mais de 30 anos nos Estados Unidos, paga US$3 por milhões de BTU lá, enquanto no Brasil o custo é de US$16.
Procurada, a Gerdau afirmou que o executivo falava sobre a operação em Arinos, ao comentar sobre os cortes de geração. A empresa não falou sobre os prejuízos. O ONS não concedeu entrevista.