A decisão mais importante da história da JBS na bolsa brasileira está sendo marcada por uma disputa acirrada entre os acionistas minoritários. O clima de apreensão continua e 210 milhões de votos irão decidir se o frigorífico da família Batista poderá ou não ser listado na bolsa de Nova York.
Uma contagem parcial divulgada nesta quinta-feira (22) indica que a proposta de dupla listagem da JBS enfrenta uma maioria contrária. Até agora, 50,7% dos votos computados são contra a operação, enquanto 47,3% são favoráveis — uma diferença de 3,43 pontos percentuais.
A votação parcial já apurada representa, em sua maioria, votos de gestores que seguem as orientações das agências de proxy, como a Institutional Shareholders Services (ISS). A ISS recomendou voto contrário devido à estrutura proposta pelos controladores da empresa, os irmãos Batista, que prevê uma classe especial de ações com poder de voto dez vezes superior às ações ordinárias.
Faltam 210 milhões de votos, ou cerca de 30% dos minoritários, para encerrar a votação. Tudo pode acontecer.
Esses votos deverão ser feitos na assembleia presencial que esta marcada para esta sexta-feira (23). Vale lembrar que os Batista e o BNDES, os dois principais acionistas da empresa, fecharam acordo para ficarem de fora da votação.
Às vésperas da assembleia, o BNDESPar negociou mais de 45 milhões de ações da JBS, colocando mais papéis no free float. Ou seja, ao negociar os papéis, o braço de investimentos do BNDES deu mais poder de voto aos minoritários.
A parcial da assembleia da JBS lembra uma assembleia recente em que o Carrefour da França enfrentou uma parcial negativa para tirar o Carrefour Brasil da bolsa brasileira. Porém, no voto presencial, o grupo francês virou o placar e conseguiu efetivar a operação.
O resultado poderá destravar significativo valor para a JBS, permitindo uma possível inclusão das ações da companhia brasileira no índice S&P 500 e aproximando seus múltiplos de mercado aos de concorrentes internacionais.