Orçado em R$ 1,26 bilhão, o projeto terá capacidade para processar 525 mil toneladas de cereais por ano e gerar 220 milhões de litros de etanol, 155 mil toneladas de farelo e 35 mil toneladas de glúten vital. A Kepler será responsável por construir oito silos, somando uma capacidade total de 160 mil toneladas. A obra tem conclusão prevista para o segundo semestre de 2026.
Bernardo Nogueira, CEO da Kepler Weber, afirma que o projeto está alinhado ao objetivo da empresa de participar de projetos que foque na “industrialização do agronegócio”, como a produção de biocombustíveis. A companhia já implantou projetos em mais de 50 países e vê nas novas biorrefinarias — como a da Be8 — uma alavanca importante de crescimento.
Etanol de trigo
A escolha por Passo Fundo, diz Leandro Zat, VP de operações da Be8, se deu pela disponibilidade de trigo de qualidade inferior para panificação — grãos que não atendem aos padrões do setor, mas que podem ser reaproveitados para a produção de etanol e para a extração do glúten vital.

Embora esse tipo de trigo não seja ideal para pães, ele permite a separação industrial do glúten vital, uma fração protéica altamente valorizada pelas indústrias de alimentos, nutrição animal e cosméticos.
Será a primeira vez que esse insumo será produzido em larga escala no país. “Estamos transformando um grão subvalorizado em energia e insumos industriais”, afirma Zat.
Com mais de 1,3 milhão de hectares do Rio Grande do Sul dedicados à produção de culturas de inverno, como trigo, triticale, aveia e cevada, a Be8 vê no biocombustível uma oportunidade de incentivar o aumento da atividade pelo Estado, a exemplo do que ocorreu com o milho no Centro-Oeste anos atrás.