A Casas Bahia fechou a negociação com a Mapa Capital para que a gestora assuma a dívida de R$ 1,56 bilhão da rede com o Bradesco e o Banco do Brasil por meio de debêntures conversíveis. Caso os títulos da dívida sejam totalmente convertidos em ações ordinárias de fato, a empresa de investimentos passa a ser a acionista majoritária da varejista.

Pelo acordo, anunciado em fato relevante pela varejista nesta sexta, os bancos vão transferir de suas mãos os títulos da 2ª série da 10ª emissão de debêntures da rede de varejo para a Mapa Capital. Criada em 2013, a gestora de capital tem como sócios os ex-banqueiros André Helmeister e Fernando Beda, que tiveram passagem pelo Itaú, além de Paulo Silvestri, ex-Mercedes Benz.

E já manifestou “intenção em realizar a conversão das debêntures em ações ordinárias”. A expectativa é que isso aconteça até o final de agosto de 2025, sujeita à aprovação em assembleia geral.

A negociação já havia sendo acompanhada pelo mercado desde o início de junho.

No documento divulgado hoje a Casas Bahia não dá detalhes financeiros, mas as debêntures da segunda série da décima emissão envolvem uma dívida de cerca de R$ 1,6 bilhão. No total, a décima emissão de debêntures da empresa envolve uma dívida de R$ 4,55 bilhões.

Trata-se de um passo estratégico significativo para a rede de varejo com a possibilidade de diluição dos acionistas atuais, uma vez que a rede busca converter a dívida em ações e garantir apoio dos credores.

O cenário para quem detém ações da empresa muda, já que haveriam novas emissões. O preço unitário da ação, que acumula queda de 25% em 30 dias, seria definido pela média ponderada por volume nos últimos 90 dias de negociação que antecederem a efetiva data de conversão, multiplicado por 80%.

Esse total representaria pouco menos de 80% do capital social total da companhia hoje. Os atuais acionistas vão ser diluídos e passarão a deter 22% do capital da companhia.

Após a conversão, a Mapa Capital terá um “lockup”, ou seja, condições para a venda dos papéis. No trimestre logo após a operação, poderá alienar 10% das ações. Nos três meses posteriores (1º tri) a esse período, mais 15%. No segundo trimestre, outros 15%. No terceiro, o percentual sobe para 20% e no quarto para 30%. No 16º mês após a conversão, o acionista terá permissão para vender os 10% restantes.

Depois disso, resta saber quem de fato irá assumir o controle da companhia — e como será a relação da Mapa com Michel Klein, empresário da família fundadora que já manifestou intenção de voltar ao poder.

Procuradas, Casas Bahia, Mapa Capital, Banco do Brasil e Bradesco não comentaram o assunto.