Jerome Cadier, CEO da Latam, afirmou nesta terça-feira (30) que, diferentemente do que muita gente acredita, companhia aérea “é pior do que o varejo” quando o assunto é margem (valor embolsado pela empresa após levar em conta os custos). A fala ocorreu durante a 5ª edição do DDB (Data Driven Business), evento sobre dados para negócios realizado pela Neoway e a bolsa brasileira, a B3.
“A gente trabalha com percentuais muito pequenos e temos que constantemente buscar aquele 0,5%, seja do lado operacional ou comercial, para equilibrar as margens”, disse.
Durante o painel “O papel dos dados na cultura de inovação”, o executivo mencionou que o setor aéreo passou por uma grande transformação nos últimos 20 anos.
Segundo ele, enquanto no passado as passagens eram vendidas especialmente por agências de viagem, atualmente, mais da metade dos passageiros transportados compra suas passagens por canais diretos da companhia.
“A gente vê um setor aéreo que precisa de muito mais inteligência, de muito mais inovação e de muito mais dados, porque não e só transportar uma pessoa do ponto A para o ponto B, mas gerar valor na parte comercial e operacional baseada em dados”, disse.
Inteligência artificial na aviação
O executivo mencionou como o uso de inteligência artificial tem contribuído para enfrentar os principais custos da companhia hoje – combustíveis e ações judiciais movidas por clientes – e melhorar as margens.
“Hoje tem um robô que, com base na previsão do tempo no horário da decolagem e da matrícula do avião. Ele fala quanto será necessário colocar de combustível. Se errar nessa decisão e carregar mais do que o necessário, a empresa vai queimar mais combustível, que é o principal custo da companhia”.
A companhia também tem buscado usar dados para atuar em ações movidas por consumidores. Segundo Cadier, a Latam precisou aplicar dados para entender os processos e as probabilidades de ganhos na justiça para atuar de forma proativa antes de uma decisão final.
“É toda uma inteligência que fornece para o advogado o que ele vai ter que falar na hora de negociar. São pequenas diferenças na venda e na operação, que vão fazer uma companhia ter uma margem positiva”, completou.
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