Assim, a Mars está firmando um acordo de licenciamento com a Pairwise, empresa especializada em genética agrícola, para acelerar o desenvolvimento de plantas com características desejáveis, de acordo com um comunicado da companhia. Pelo acordo, a Mars tem acesso às ferramentas da Pairwise, que permitem aos cientistas modificar as sequências de DNA das plantas.
A questão é de extrema importância para os fabricantes de doces, depois que o fornecimento de cacau da Costa do Marfim e de Gana, os maiores produtores mundiais da cultura, caiu nos últimos anos devido ao clima desfavorável e a problemas crônicos, como a doença do broto inchado. Isso elevou os preços a níveis recordes.
“O objetivo é lidar com as pressões que o cacau enfrenta globalmente devido à variabilidade climática, doenças de plantas e estresses ambientais”, informou a direção da Pairwise. “A edição genética tem o potencial de melhorar as plantações de maneiras que apoiam e fortalecem as cadeias de suprimentos globais”, informou o diretor de ciências vegetais da Mars, Carl Jones.
Investimento para o cacau
A Mars anunciou anteriormente um investimento de US$ 1 bilhão ao longo de uma década para apoiar a cadeia de suprimentos de cacau em 2018. Isso incluiu apoio a pesquisadores da Universidade da Califórnia, Berkeley, para usar o CRISPR no desenvolvimento de cacaueiros resistentes a doenças. A Mars não quis tecer comentários.
Dessa forma, a Mars passa a ter acesso às ferramentas de edição genética, enzimas e bibliotecas de características da Pairwise. O CRISPR permite que os pesquisadores ajustem características específicas da planta, ao contrário do melhoramento genético tradicional, que requer a criação de muitas variedades diferentes.
“O método tradicional pode levar décadas e leva à mistura de dezenas de milhares de genes, resultando em chances muito baixas de obter exatamente o que você deseja, disse o CEO da Pairwise, Tom Adams, em uma entrevista.
O CRISPR, por outro lado, permite que os pesquisadores restrinjam o processo para incluir apenas características especificamente desejadas. Os pesquisadores acabam obtendo o mesmo resultado que obteriam com o melhoramento genético, “mas você está aumentando as probabilidades para obter o que deseja”, disse ele.
Tom Adams observou que a edição genética tem sido bem-sucedida na resistência a doenças em outros tipos de cultivos e na resiliência climática. A Pairwise, com sede em Durham, Carolina do Norte, também conseguiu reduzir o tempo que uma árvore leva para amadurecer — uma característica potencialmente útil para plantas de cacau que normalmente levam de três a cinco anos para começar a produzir.
A União Europeia também está em negociações para definir diretrizes para cultivos com edição genética, que atualmente são quase impossíveis de vender comercialmente no bloco. A Suíça, um polo de processamento de cacau, também está considerando alterar suas leis para permitir a edição genética.