Pouco mais de um ano após inaugurar oficialmente sua mina de ouro em Mara Rosa (GO), a britânica Hochschild enfrenta uma combinação crítica de problemas operacionais e desafios climáticos que a forçaram a rever drasticamente suas metas de produção para 2025.

Em um comunicado divulgado nesta terça-feira (10), a mineradora revelou o impacto das chuvas intensas e de falhas técnicas sobre os planos ambiciosos da companhia no Brasil.

A planta de processamento será paralisada por seis semanas para manutenção emergencial e reparo de filtros mecânicos, tornando praticamente inalcançável a meta original de produzir entre 94 mil e 104 mil onças de ouro no ano. A notícia pegou em cheio as ações da Hochschild, que recuaram mais de 20% na Bolsa de Londres.

Até maio, a produção acumulada era de apenas 25 mil onças. Diante do cenário, analistas começaram a revisar suas estimativas para baixo: a Peel Hunt agora projeta 60 mil onças em 2025, enquanto o RBC estima 71 mil.

Com menor volume, o custo operacional por onça tende a subir, pressionando margens e gerando dúvidas sobre a viabilidade econômica da mina. Mara Rosa entrou em operação comercial em fevereiro de 2024, após um investimento de cerca de US$ 200 milhões (R$ 1 bilhão) e a aquisição da canadense Amarillo Gold por aproximadamente US$ 120 milhões.

A situação se agravou com a saída repentina do diretor operacional Rodrigo Nunes, que havia assumido o cargo em 2023. Desde então, o CEO Eduardo Landin assumiu pessoalmente o comando das operações no Brasil, enquanto a empresa promove uma reestruturação de sua gestão local e busca um novo executivo para o posto.

A reação negativa do mercado reflete o aumento das incertezas sobre a capacidade da Hochschild de transformar rapidamente Mara Rosa em uma operação eficiente e rentável. A empresa, contudo, afirma manter confiança no potencial geológico do ativo e promete divulgar em breve novas projeções de produção e custos.