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A Nvidia fez história na semana passada ao se tornar a primeira empresa do mundo a alcançar um valor de mercado de US$ 5 trilhões. Mas esse é apenas um dos modos pelos quais a companhia fortalece seu espaço na economia global.

A fabricante de chips, que está no centro da revolução da inteligência artificial, não é apenas a maior empresa do planeta, mas também a mais influente da história de Wall Street. Desde o início de 2023, a Nvidia tem sido o principal motor dos ganhos do mercado, gerando retornos massivos aos acionistas e acrescentando bilhões à fortuna do presidente da empresa, Jensen Huang.

Hoje, a companhia vale mais do que seis dos 11 setores do índice S&P 500 e mais do que todo o mercado acionário de muitos países. “É um caso absolutamente fora da curva do ponto de vista histórico, algo a ser lembrado por gerações”, diz Matt Miskin, codiretor de estratégia de investimentos da Manulife John Hancock Investments.

Na semana passada, a Nvidia anunciou novos acordos com a Nokia, Samsung Electronics e Hyundai Motor. Embora os resultados trimestrais só sejam divulgados em meados de novembro, os números recentes das gigantes de tecnologia indicam quanto espaço ainda há para crescer.

Microsoft, Amazon, Meta e Alphabet (dona do Google) prometeram continuar investindo pesado em IA. Juntas, essas quatro empresas devem aumentar os gastos de capital (o dinheiro destinado a bens e infraestrutura) em 34%, para cerca de US$ 440 bilhões nos próximos 12 meses, segundo dados da Bloomberg. Esses investimentos do setor explicam por que a receita da Nvidia deve chegar a US$ 285 bilhões no próximo ano fiscal, ante US$ 11 bilhões em 2020.

Tudo isso alimenta as discussões sobre uma possível bolha de mercado ligada à IA, com a Nvidia no centro desse fenômeno. Jensen Huang minimizou as preocupações durante uma conferência e o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, rejeitou comparações com a bolha da internet do fim dos anos 1990.

“Tendências como essa atingem um ponto de clímax e depois se invertem e esperamos que isso aconteça em algum momento”, afirma Miskin. “Por ora, no entanto, as empresas no epicentro da corrida da IA continuam sendo as que mais lucram. Para que a liderança mude, isso precisaria se alterar. Ainda assim, parece que o S&P 500 está colocando muitos ovos na mesma cesta.”

O peso da Nvidia

Como maior empresa do mundo, a Nvidia naturalmente tem a maior participação nos principais índices, baseados em valor de mercado, que nada mais é do que o preço da ação multiplicado pelo número de ações. O papel representa 8,5% do S&P 500, mais do que as 240 menores empresas combinadas.

Segundo Howard Silverblatt, analista sênior de índices da Standard & Poor’s, esse percentual provavelmente é um recorde histórico. Em 2023, o peso máximo da Apple foi de 7,7% e o da Microsoft, de 7,4%. Atualmente, as sete maiores empresas de tecnologia somam mais de 36% do índice, com a Apple em segundo lugar, a 6,9%.

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Além de ser a empresa mais valiosa do mundo, com a Apple em segundo lugar (cerca de US$ 1 trilhão atrás), a Nvidia vale mais que a soma dos mercados acionários da Holanda, Espanha, Emirados Árabes Unidos e Itália, segundo dados da Bloomberg. A companhia, sediada em Santa Clara, Califórnia, é hoje maior que todos os mercados do mundo, exceto cinco: EUA, China, Japão, Hong Kong e Índia.

Já subiu demais?

Cerca de 91% dos analistas de Wall Street recomendam compra das ações da Nvidia. O analista Frank Lee, do HSBC, elevou recentemente o preço-alvo para US$ 230, o que implicaria um valor de mercado próximo de US$ 8 trilhões.

Há, porém, quem discorde: Jay Goldberg, da Seaport Global Securities, mantém recomendação de venda desde abril, com preço-alvo de US$ 100 – mesmo com a ação mais do que dobrando de valor desde então.

Empresas muito grandes tendem a desacelerar o crescimento das vendas. Entre as companhias do S&P 500 com mais de US$ 100 bilhões em receita projetada, a média é de 6% ao ano.

A Nvidia foge à regra: deve aumentar suas vendas em quase 60% neste exercício fiscal.
Embora o ritmo tenha caído em relação aos saltos de 126% e 114% dos dois anos anteriores, ainda supera amplamente Microsoft (15%) e Apple (6,2%).

A fortuna de Jensen Huang cresceu junto com a disparada das ações da Nvidia, alcançando US$ 176 bilhões, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg — um aumento de mais de US$ 60 bilhões apenas em 2025.

Com 3,5% das ações em seu nome e em outros veículos familiares, conforme documento de outubro junto à SEC, a “xerife” do mercado de capitais americano, Huang agora figura entre as 10 pessoas mais ricas do planeta.