O grupo imobiliário MRV&Co (MRVE3) teve lucro líquido no primeiro trimestre, contrariando expectativas do mercado que apontavam para prejuízo, em meio a um crescimento de vendas e preços de seu negócio de incorporação, que ajudaram a empresa a reduzir o consumo de caixa no período.
A companhia teve lucro líquido consolidado de R$ 30,6 milhões, puxado pelo negócio de incorporação no Brasil, apesar das perdas com a Resia, unidade da empresa nos Estados Unidos.
Analistas, em média, esperavam que a companhia divulgasse prejuízo líquido de R$ 75,4 milhões no trimestre, segundo dados da Refinitiv.
A unidade de incorporação, principal negócio do grupo, teve lucro de R$ 96 milhões de janeiro ao fim de março, revertendo prejuízo de R$ 301 milhões do final de 2022 e acima do resultado positivo de R$ 27 milhões apurado no início do ano passado.
O balanço do primeiro trimestre também incluiu apuração de crédito tributário de R$ 188 milhões, ajudando a reduzir as despesas com imposto de renda e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). O resultado financeiro da unidade de incorporação foi negativo em R$ 76 milhões ante R$ 26 milhões positivos um ano antes.
Vendas e lançamentos
A empresa já havia divulgado em meados de abril dados operacionais incluindo vendas, lançamentos e consumo de caixa.
As vendas em seu principal negócio subiram 20,5% no primeiro trimestre sobre um ano antes, para R$ 1,8 bilhão, nível recorde para o período na empresa. Ao mesmo tempo, o preço médio das vendas disparou quase 25%, para R$ 218 mil.
Os lançamentos da unidade, porém, desabaram cerca de 39% na mesma comparação, para R$ 637 milhões, com o chamado “tíquete médio” avançando 35,5%, a R$ 285 mil, em meio à estratégia da empresa de elevar rentabilidade e reduzir a alavancagem no contexto de juros elevados da economia.
Em abril, o vice-presidente financeiro da MRV, Ricardo Rodrigues, afirmou que no segundo trimestre a empresa terá uma “retomada importante” nos lançamentos ante os três primeiros meses do ano, com “probabilidade grande de lançar mais que no segundo trimestre de 2022”. A companhia teve lançamentos de cerca de 2 bilhões de reais no segundo trimestre do ano passado.
No primeiro trimestre, a empresa pagou 214 milhões de reais relacionados a uma operação de equity swap, impactando a dívida. A alavancagem da MRV&Co cresceu para 8,21 vezes no final de março ante 5,76 vezes no fim de 2022 e 2,3 vezes no final do primeiro trimestre do ano passado.
Porém, a MRV afirmou no balanço que os resultados do primeiro trimestre “reforçam a confiança da companhia nas projeções” de desempenho para o ano apresentadas em fevereiro. Esses números mostram perspectiva de redução da alavancagem, avanço da margem bruta e geração de caixa de até 200 milhões de reais este ano e evoluindo a até 800 milhões em 2025.
No primeiro trimestre, a margem bruta da unidade de incorporação da companhia foi a 20,6%, evoluindo ante os 19,4% do final de 2022.
Tirando a incorporação, carro-chefe da empresa, as unidades Urba, de loteamento, Luggo, de locação, e a norte-americana Resia tiveram prejuízo no primeiro trimestre, sendo que a Resia teve o pior desempenho entre elas, com perdas de R$ 43,5 milhões.
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