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Negócios

Na disputa entre indústria e China, a fibra óptica é a bola da vez e governo amplia taxa de importação

Sobretaxa atende a pedido da fabricante Prysmian, que alegou concorrência “predatória”

Na disputa entre a indústria brasileira contra produtos chineses, os cabos de fibra óptica foram a bola da vez. Em decisão tomada na última quinta-feira (17), a Câmara de Comércio Exterior (Camex), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), aumentou para 35% a taxa sobre as importações vindas de fora do Mercosul. 

A medida, que terá validade de seis meses a partir da publicação no Diário Oficial (o que ainda não ocorreu), atende a um pedido da produtora Prysmian, que apontou ao governo uma inundação de fibra óptica vinda da China.

A companhia alegou que sua planta em Sorocaba (SP), uma das principais da América Latina para esse tipo de cabo, está operando com um terço de sua capacidade por conta do excesso de produto. “Importação a preços predatórios”, resumiu a Prysmian, em apresentação enviada ao governo federal.

Cabo de fibra óptica
Cabo de fibra óptica (Bloomberg)

Em manifestação ao MDIC no ano passado, o governo da China alegou que a capacidade de produção brasileira de cabos de fibra óptica não alcançaria 50% da necessidade do mercado local – leia-se Claro, Vivo, Oi e Tim e os provedores independentes de internet (ISPs) – demonstrando, assim, que o Brasil seria “altamente dependente” das importações.

A Prysmian, que responde por cerca de 30% da produção brasileira de cabos de fibra óptica, pede que MDIC investigue uma possível prática de dumping – quando o produto é subsidiado pelo governo para ser vendido abaixo de seu custo de produção – por parte dos chineses. Estados Unidos, União Europeia e México já levantaram barreiras comerciais ao produto fabricado na China.

O debate em torno dos cabos de fibra óptica vão em linha com os que já ocorrem no aço. As siderúrgicas brasileiras conseguiram, depois de meses de negociação, ampliar a taxa de importação para 11 tipos de aço para 25% além de impor cotas para a compra desses produtos vindos do exterior.

Preços derretem

Em 2019, o preço de um cabo de fibra óptica no Brasil era de US$ 7 por quilômetro e, atualmente, o mesmo produto está custando cerca de US$ 2,50 por quilômetro. A avaliação é de que o cenário piorou do fim de 2023 para cá. 

“Fabricantes asiáticos exportam com preços 50% inferiores ao custo de produção local”, diz a Prysmian, informando ainda que há o risco de encerramento das atividades na fábrica de Sorocaba em função das condições de mercado, afetando 150 funcionários. “Como evitar o impacto de encerramento da planta? Um conjunto de ações que promovesse uma proteção da indústria nacional frente aos preços predatórios praticados atualmente.”

Fábrica da Prysmian em Sorocaba (SP)
Fábrica da Prysmian em Sorocaba (SP) (Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba)

A Prysmian opera no Brasil desde 1929, é uma empresa que nasceu de uma cisão da Pirelli. Em 2005, a gigante italiana dos pneus desmembrou essa unidade de negócio e listou a empresa na Bolsa de Milão, tornando-a uma corporação (sem acionista controlador) desde então. 

Além de fabricar cabos para provedores de internet, a empresa também é fornecedora de cabos submarinos para Petrobras e de cabos de transmissão para empresas de energia como Enel e Neoenergia. No primeiro semestre deste ano, a empresa registrou € 7,82 bilhões em vendas, sendo a América Latina responsável por € 708 milhões dessa receita.

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