A venda da Avon pela Natura deve deve acontecer em breve. Essa foi a mensagem Natura transmitiu ao classificar a Avon International como ativo à venda no balanço relativo ao segundo trimestre.

A jornalistas, a CFO da companhia, Silvia Vilas Boas, disse que as negociações estão avançadas – mas não informou quantas propostas já recebeu. No começo deste ano, a empresa informou a retirada da exclusividade das negociações com a IG4. Ainda assim, pessoas ouvidas pelo InvestNews afirmam que a gestora de Paulo Mattos continua nas tratativas.

Além da Avon International, que inclui as operações em países do leste europeu e da África, a empresa incluiu no pacote de venda a Avon América Central e Caribe, onde a marca Natura não opera. Segundo ela, os ativos podem ser vendidos juntos ou separadamente e diferentes desenhos de transações estão sendo considerados.

“Estamos caminhando como planejado nesse processo de simplificação do grupo. Ao mesmo tempo, fortalecendo o coração do nosso negócio da América Latina”, completou João Paulo Ferreira, CEO da Natura.

De acordo com o time de analistas do BTG Pactual, a potencial venda de Avon International é um gatilho para as ações. Ainda assim, o deslocamento do ativo no balanço da Natura foi insuficiente para conter a queda dos papéis nesta terça-feira, após a divulgação do resultado do segundo trimestre. A ação recuava 8,88% perto das 13h50, liderando as perdas do Ibovespa.

Avon Latam pesa nas vendas

A receita líquida totalizou R$ 5,7 bilhões, queda de 1,7% em relação ao ano anterior. Entre as marcas e canais, a Natura seguiu sustentando mix e margem, enquanto a Avon Latam ainda mostrou ritmo lento.

A morosidade da Avon se deve ao impacto da Onda 2, o processo de integração da força de vendas. Esse fator de transição derrubou consultoras ativas e pesou na esteira de lançamentos na Argentina e no México, últimos países em que a companhia fez a junção das operações.

Com a expectativa de concluir a Onda 2 até o fim deste ano, a direção da companhia está confiante de que poderá voltar a ter crescimento nas vendas da Avon a partir de 2026, quando também deve relançar a o posicionamento da marca, cuja fortaleza está em categorias agora mais pressionadas como maquiagem.

A conclusão da integração também será importante para tirar pressão das despesas. A linha de despesas não recorrentes mostrou um aumento de mais de R$ 20 milhões contra a o segundo trimestre do ano passado por causa dos “custos de transformação”. Com o fim da integração da força de venda em todos os mercados, isso deixa de pressionar as despesas da companhia bem como a alavancagem, observa a CFO. A relação dívida líquida/Ebitda chegou a 2,2x, mas a direção afirma que o indicador deve ficar no patamar de 1x a 1,5x ao fim de 2025.

Com um ambiente macro mais complexo tanto no Brasil quanto no México, a Natura aposta na amplitude do portfólio para conseguir atender a um poder de compra reduzido dos consumidores, segundo Ferreira.

“O que está afetando mais o padrão de consumo agora é renda disponível”, diz ele, apontando que categorias de cuidados diários, como produtos para cabelos, desodorantes e sabonetes têm tido melhor desempenho de vendas do que outros itens, como maquiagem ou cosméticos.