“E é aquela velha história: quando você não tem nada, o que você tem a perder? O medo que eu tinha era de continuar pobre. O máximo que poderia fazer era ganhar dinheiro. Então, fui com esse foco.” A frase é de Rodrigo Nunes, CEO da Ad Clinic, uma rede de clínicas de estética que abriu junto com a esposa, Aline Medici. O negócio começou com um investimento de R$ 5 mil levantados com a venda de um carro usado, e hoje já são mais de 100 franquias.
A rede tem 60 unidades ativas e o restante em fase de implantação. O investimento inicial é de R$ 300 mil, e a expectativa de retorno é de 2 anos, em média. O franqueado conta com a assessoria de Rodrigo e Aline, num cenário bem diferente da realidade do casal quando o negócio surgiu, em 2014, em um espaço sobre um pequeno salão de beleza no bairro onde moravam.
Rodrigo confessa que não houve um planejamento detalhado antes de abrir o negócio. “Abrimos a primeira unidade sem condição nenhuma praticamente. Fomos com a cara e coragem, e iniciamos. Então, nossos primeiros dias inclusive não tinha cliente nenhum, a gente ‘pô, o que vai fazer?, precisamos ganhar dinheiro, precisamos pagar o aluguel’. Não tinha nem dinheiro para o aluguel, para você ter uma ideia. A gente acabou entregando panfleto na rua e trazendo cliente”, lembrou ele em entrevista ao InvestNews.
Aline era formada em biomedicina e já atuava na área de estética. Assim, ficou responsável pelos atendimentos quando abriram o negócio. Já Rodrigo fazia o trabalho de publicidade e marketing, pois também já tinha experiência na área. Para ele, além da coragem que tiveram de arriscar tudo o que tinham, as experiências anteriores ajudaram na construção do empreendimento.
“Apesar de não ter dinheiro em caixa, a gente tinha muita experiência comercial sobre o negócio”
Rodrigo Nunes, CEO da Ad Clinic
A segunda unidade da Ad Clinic foi aberta cerca de 10 meses após a primeira. Depois de cerca de 2 anos, já eram 5 lojas abertas. Com o foco no crescimento do negócio, o casal esperou mais de 2 anos para obter algum lucro.
“Todo o dinheiro que ganhava no nosso negócio a gente reinvestia. Eu fiquei dois anos sem tirar absolutamente nada. No máximo, o que eu fazia era pagar as contas pessoais de casa. Para você ter uma ideia, nem televisão tinha em casa. Porque eu queria focar no meu negócio”, conta Rodrigo, que investiu inclusive em consultoria durante esse processo.
Como o negócio virou franquia
Rodrigo conta que, àquela altura, o negócio já estava rendendo “bastante dinheiro” e surgiu então, durante a pandemia de covid-19, a ideia de transformá-lo em franquia.
“Eu acabei criando um processo para ter nas minhas próprias unidades. Nisso, uma pessoa que inclusive fez os nossos móveis na primeira clínica, o marceneiro, disse: ‘pô, Rodrigo, queria abrir uma franquia tua’. E eu falei: ‘caraca, inclusive eu tornei o processo de formatação para franquia alguns meses atrás.’ Daí ele: ‘eu posso ser seu piloto, o que você acha?’. E eu falei: ‘bom, você me ajudou no começo, vou te ajudar agora’. Acabei abrindo esse piloto e foi super bem”, relembra o CEO sobre o começo do processo.
“Por ter tido aberto essa unidade com sucesso, com a operação tendo um bom retorno, eu acabei abrindo para outros interessados. E nisso que a gente acabou entrando naturalmente no processo de franquia.”
Inicialmente focando suas unidades nos estados do Paraná e Santa Catarina, a rede foi se expandindo para São Paulo e, atualmente, Rio de Janeiro.
Começar um negócio: quando vale a pena?
Para quem tem vontade de começar um negócio, Aline comenta que é necessário oferecer um bom plano de retorno ao cliente. “Não foque simplesmente no dinheiro. Foque na solução que a sua empresa vai gerar para o mundo”, compartilha.
Para a empresária, um dos motivos para o sucesso da Ad Clinic foi a qualidade do serviço que eles oferecem para os clientes. “Somos o hospital da beleza, transformando a vida das pessoas. Então, nossos clientes vão lá, eles têm o problema, eu tenho a solução“, contou.
Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o segmento de franquias de beleza e bem-estar foi o segundo que mais cresceu em 2021, faturando R$ 38 milhões, um crescimento de 10,5% em relação ao ano anterior.
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