“Até o momento, nossa oferta é mais alta, e a mensagem para a Pfizer é: se quiserem comprar a empresa, coloquem a mão no bolso e ofereçam mais”, disse Doustdar durante uma coletiva de imprensa com o presidente americano, Donald Trump, na Casa Branca.
A Novo e a Pfizer travam uma disputa de lances pela Metsera, iniciada quando a Novo fez uma oferta surpresa pela startup na semana passada, interrompendo um acordo anterior para que a Pfizer adquirisse a empresa.
A Pfizer criticou a iniciativa da Novo, chamando-a de manobra ilegal para contornar as leis de concorrência dos Estados Unidos e de uma tentativa de usar seu poder de mercado em medicamentos para perda de peso para impedir que o produto da Metsera chegue ao mercado.
A farmacêutica não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Doustdar rejeitou as alegações antitruste da Pfizer ao falar com repórteres no Salão Oval, após um evento no qual anunciou que a Novo havia chegado a um acordo com o governo dos EUA para reduzir os preços dos medicamentos para perda de peso.
“É um mercado livre”, disse Doustdar. “No fim das contas, trata-se do preço que o vendedor aceita em nome de seus acionistas e do quanto o comprador está disposto a pagar.”
A iniciativa sinaliza uma guinada mais agressiva da Novo Nordisk, uma semana após a destituição da maior parte de seu conselho administrativo, devido a preocupações de que a empresa não estivesse se movendo com rapidez suficiente no mercado de obesidade, no qual sua principal rival é a Eli Lilly.
A oferta também está alinhada à promessa do novo CEO da Novo Nordisk, Mike Doustdar, de construir uma sólida linha de tratamentos de próxima geração para diabetes e obesidade, enquanto a empresa se prepara para a expiração da patente da semaglutida, princípio ativo do Wegovy e do Ozempic.
A Metsera é uma das várias empresas que desenvolvem medicamentos experimentais para perda de peso, incluindo um que poderia ser administrado com menor frequência que os produtos da Novo Nordisk e da Eli Lilly.
“O acordo certamente ajudaria a Novo Nordisk a melhorar seu posicionamento no mercado de obesidade, desde que os produtos sejam desenvolvidos com sucesso”, disse à Reuters Markus Manns, gestor de portfólio da Union Investment, fundo mútuo e acionista da companhia dinamarquesa.
“Existem preocupações significativas em relação às leis antitruste, e resta saber se a Pfizer apresentará outra oferta.”
A Pfizer afirmou que a proposta da Novo Nordisk acarretava riscos substanciais de regulamentação e execução.
“Trata-se de uma tentativa de uma empresa com posição dominante no mercado de suprimir a concorrência, violando a lei ao assumir o controle de uma concorrente americana emergente”, afirmou a companhia.
A Novo Nordisk declarou que o acordo com a Metsera lhe dará a oportunidade de maximizar o potencial do portfólio e das capacidades complementares da empresa norte-americana.
Um mercado de US$ 150 bilhões
A previsão é de que o mercado global de medicamentos para obesidade atinja US$ 150 bilhões até 2030, impulsionado pela rápida adoção de terapias GLP-1 de empresas como Novo Nordisk e Eli Lilly.
Tanto a Pfizer quanto a Novo Nordisk incluíram direitos de valor contingente em suas propostas pela Metsera, oferecendo pagamentos adicionais condicionados ao cumprimento de marcos clínicos e regulatórios.
As ações da Metsera subiram quase 100% desde janeiro, passando de US$ 26,50 por ação em 31 de janeiro para US$ 52,21 na quarta-feira. Nesta quinta-feira, os papéis disparavam mais de 22%.
A Metsera, que abriu capital neste ano e tinha valor de mercado de US$ 5,5 bilhões no fechamento de quarta-feira, tem um portfólio de medicamentos experimentais para obesidade, incluindo o MET-097i, um injetável de GLP-1, e o MET-233i, que imita o hormônio pancreático amilina.