A Nvidia bateu um novo recorde nesta quarta-feira (29): é a primeira empresa do mundo a ter valor de mercado de US$ 5 trilhões.

As ações subiam 4% por volta do meio-dia, após uma alta de 5% na terça. O bom momento veio depois de o CEO Jensen Huang ter anunciado US$ 500 bilhões em encomendas de seus chips de nova geração para 2026.

Parte das vendas vão para o desenvolvimento de carros com maior nível de automação. Entre os clientes estão o Uber e montadoras – no caso, Stelantis, Mercedes, Volvo e Lucid (uma especialista em elétricos com atuação concentrada nos EUA).

Apenas quatro meses se passaram desde que a empresa anunciou que havia ultrapassado a barreira dos US$ 4 trilhões. A valorização acelerou nos últimos meses, à medida que Huang fechou novos acordos para fornecer chips à Samsung, à Hyundai e à Nokia.

1.500% em cinco anos

Em um mercado em alta impulsionado pelo otimismo em relação ao potencial da inteligência artificial para a economia global, a Nvidia se destaca.

Com uma valorização de 50% neste ano até o fechamento de terça-feira (28), as ações da empresa são responsáveis ​​por quase um quinto da alta de 17% do índice S&P 500 em 2025. Em cinco anos, o salto é de 1.500%. Ou seja, quem colocou US$ 10 mil em Nvidia há meia década está com US$ 160 mil hoje.

As duas empresas seguintes em valor de mercado são a Microsoft e a Apple, com avaliações em basicamente US$ 4 trilhões cravados cada uma.

“Uma capitalização de mercado de US$ 5 trilhões seria inimaginável há alguns anos”, disse Keith Lerner, diretor de investimentos e estrategista-chefe de mercado da Truist Advisory Services. “O mercado certamente está apostando muito na ideia de que a IA será transformadora.”

Forcinha de Trump

As ações da Nvidia subiram na terça-feira depois que o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que espera conversar com o presidente chinês, Xi Jinping, sobre o chip Blackwell da empresa. Trump afirmou meses atrás que consideraria permitir que a Nvidia exportasse para a China uma versão com especificações inferiores do processador Blackwell, e a expectativa é de que tal acordo esteja em discussão.

Huang também anunciou uma série de novas parcerias e descartou preocupações sobre uma bolha da IA, afirmando que os chips mais recentes estão a caminho de gerar meio trilhão de dólares em receita. A empresa também apresentou um novo sistema para conectar computadores quânticos aos seus chips de inteligência artificial.

Os analistas de Wall Street estão otimistas em relação às perspectivas da empresa.

Dos 80 analistas acompanhados pela Bloomberg que cobrem a companhia, mais de 90% atribuíram às ações uma recomendação equivalente à compra, com apenas um — Jay Goldberg, analista da Seaport Global Securities — recomendando a venda.

O preço-alvo médio para as ações é de US$ 225,48, o que implica uma valorização potencial de cerca de 7%.

As ações da Nvidia estão cotadas a menos de 34 vezes o lucro estimado, abaixo da média de cinco anos de cerca de 39 vezes, e não muito distante do índice de semicondutores da Bolsa de Valores da Filadélfia, que está em 29 vezes.

Ceticismo sobre ações

Ainda assim, dados os ganhos expressivos recentes, há muito ceticismo quanto à possibilidade de as ações da Nvidia continuarem a subir. Dan Eye, diretor de investimentos do Fort Pitt Capital Group, afirmou que a Nvidia provavelmente perderá parte do mercado para concorrentes como a Advanced Micro Devices e a Broadcom.

“Se as apostas de todos em IA se concretizarem, as avaliações provavelmente se justificam, mas certamente algumas delas podem ser difíceis de alcançar”, disse ele. “Tem sido difícil não ter ações da Nvidia, mas o preço realmente reflete expectativas elevadas.”

A empresa negocia hoje a um valor de mercado equivalente a 60 anos do lucro anual – o dobro da média do S&P 500, que já está ela mesma num patamar historicamente elevado.