De acordo com essas pessoas, que pediram anonimato, a EA está conversando com a gestora Silver Lake Management, o fundo soberano saudita Public Investment Fund (PIF) e a Affinity Partners, empresa de investimentos de Jared Kushner, genro do ex-presidente Donald Trump, sobre uma possível compra alavancada. Se concretizado, o negócio pode se tornar a maior aquisição do tipo já registrada.
O anúncio pode ocorrer já na próxima semana, mas nada está fechado e as conversas ainda podem fracassar, afirmaram as fontes.
A EA é uma das maiores produtoras independentes de videogames nos Estados Unidos, ao lado da Roblox Corp., avaliada em quase US$ 94 bilhões, e da Take-Two Interactive Software, responsável pela série Grand Theft Auto. Em 2022, a Activision, criadora de Call of Duty, foi comprada pela Microsoft por US$ 69 bilhões.
Segundo dados da Bloomberg, a compra da EA figuraria entre os maiores negócios anunciados em 2025. O JPMorgan Chase & Co. estaria estruturando um pacote de financiamento para os compradores.
Na sexta-feira, as ações da Electronic Arts, sediada em Redwood City, Califórnia, fecharam em alta de cerca de 15%, a US$ 193,35, elevando o valor de mercado da empresa para aproximadamente US$ 48 bilhões.
Procurados, representantes da EA e do PIF não responderam. Silver Lake, Affinity Partners e JPMorgan preferiram não comentar.
Kushner fundou a Affinity Partners durante o primeiro mandato de Trump, com apoio de investidores estrangeiros, incluindo do Oriente Médio. O PIF, por sua vez, já é um player relevante no setor: detém quase 10% da EA e adquiriu neste ano a Pokémon Go por US$ 3,5 bilhões. Em 2023, sua subsidiária Savvy Games comprou a Scopely Inc. por US$ 4,9 bilhões, dona do jogo Monopoly Go!. Ao todo, o fundo reservou US$ 38 bilhões para investimentos em videogames.
“O mercado está passando por um processo de consolidação”, disse Javier Ferreira, co-CEO da Scopely, em entrevista na Game Developers Conference, em São Francisco, em março. “O que impulsiona isso é a dificuldade crescente de alcançar crescimento e sucesso.”
A EA teve um início de 2025 complicado, após o desempenho abaixo do esperado de seu jogo de futebol EA Sports FC 25. Porém, a companhia se recuperou no último trimestre, citando “resultados acima do previsto” em seu portfólio. No dia 10 de outubro, lançará Battlefield 6, que vai disputar espaço com Call of Duty, da Microsoft, no concorrido mercado de jogos de tiro.
As negociações ocorrem em meio a um período de crescimento lento para a indústria global de games, avaliada em US$ 178 bilhões, que perdeu dezenas de milhares de empregos nos últimos três anos após o boom da pandemia. No início de 2025, a EA promoveu sua terceira rodada de cortes desde 2023, demitindo centenas de funcionários.
O setor, contudo, ganhou fôlego com o lançamento do console Switch 2, da Nintendo, no meio do ano. Analistas projetam vendas de 16 milhões de unidades no primeiro ano e até 80 milhões ao longo de sua vida útil.
As ações das produtoras de games vêm registrando forte valorização em 2025. Antes mesmo da disparada desta sexta-feira, a EA já acumulava alta de 15% no ano, superando o índice S&P 500. A Take-Two disparou 39%, com investidores aguardando o novo Grand Theft Auto. Já a Nintendo subiu 40%.
