Negócios
Olimpíadas Tóquio 2021: de patrocínio a medalhas, os bilhões gastos na pandemia
De patrocinadores indecisos ao custo das medalhas, Jogos Olímpicos de Tóquio são os mais caros até aqui; confira os números do evento.
Um ano após terem sido adiados, os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021 devem ter início em meio a um clima de apreensão e sem plateia, diante de novos casos de covid-19 envolvendo atletas e participantes. A Olimpíada mais cara da história está prestes a começar, mas enfrenta patrocinadores indecisos e corre o risco de perder cifras bilionárias com um possível cancelamento de última hora.
Alguns jogos começam já nesta quarta-feira (21), embora a cerimônia de abertura esteja marcada para sexta-feira (23). Nesta edição, cerca de 11 mil atletas olímpicos devem representar 205 nações, que competem por medalhas em 33 esportes diferentes. A Olimpíada de Tóquio é a mais cara já registrada, segundo a Universidade de Oxford. O custo total foi de US$ 15,4 bilhões, sendo que US$ 6,7 bilhões correspondem a dinheiro público.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) responde por apenas US$ 1,5 bilhão do custo dos jogos, mas fatura 91% de toda a renda gerada pelas transmissões e patrocínios.
Olimpíada mais cara e perda bilionária
Segundo estimativas, um possível cancelamento do evento geraria um prejuízo de US$ 3 bilhões a US$ 4 bilhões apenas em direitos de transmissão. A Olimpíada vai ocorrer sem espectadores em Tóquio, a cidade-sede, já que o Japão precisou declarar estado de emergência na capital, com o retorno de novos casos de covid-19.
Alguns eventos nos arredores de Tóquio terão espectadores, mas a renda de cerca de US$ 815 milhões de ingressos deverá ser reduzirá a quase zero.
A agência de avaliação de risco Fitch estima que o custo segurado total da Olimpíada fica em torno de US$ 2,5 bilhões. Embora o Comitê Olímpico Internacional (COI) seja responsável pelos direitos de transmissão e patrocínios dos Jogos, o comitê organizador de Tóquio é responsável pela venda das entradas.
Segundo a Reuters, fontes do setor estimam que o COI assinou uma política de cancelamento de evento de US$ 500 a US$ 800 milhões, mas que os preços totais dos ingressos não estariam cobertos.
Patrocínio das marcas em xeque
Segundo a Reuters, cerca de 60 corporações japonesas que pagaram mais de US$ 3 bilhões pelos direitos de patrocínio da Olimpíada de 2020 agora enfrentam o dilema de associar ou não suas marcas a um evento que ainda não conseguiu ganhar o apoio do público na pandemia.
A poucos dias da cerimônia de abertura em Tóquio, 68% das pessoas que responderam a uma pesquisa do jornal “Asahi” expressaram dúvidas sobre a habilidade dos organizadores de controlar os casos pelo novo coronavírus, com 55% dizendo que são contra a realização dos Jogos.
Três quartos das 1.444 pessoas entrevistadas por telefone para a pesquisa disseram que concordam com a decisão de proibir espectadores nos eventos.
Patrocinadora da Olimpíada de Tóquio 2020, a Toyota (TMCO34) não veiculará comerciais na televisão relacionados aos Jogos, em meio ao baixo apoio do público ao evento, com dois terços dos japoneses duvidando que os organizadores conseguirão mantê-lo seguro.
Com o crescimento de casos de Covid-19 em Tóquio, agora sob o seu quarto estado de emergência, o público está ainda mais preocupado que sediar um evento com dezenas de milhares de atletas, autoridades e jornalistas de outros países possa acelerar as taxas de infecção e introduzir variantes mais infecciosas ou letais.
Autoridades dos Jogos relataram no domingo (18) o primeiro caso de Covid-19 entre competidores na Vila Olímpica em Tóquio, onde 11 mil atletas devem se hospedar durante os Jogos. Desde 2 de julho, organizadores de Tóquio 2020 relataram 58 casos positivos entre atletas, autoridades e jornalistas.
Segundo a Reuters, a maioria desses novos casos é entre pessoas jovens, porque o Japão conseguiu vacinar a sua população mais idosa com pelo menos uma dose, embora apenas 32% da população geral tenha recebido uma dose da vacina.
Quanto custam as medalhas olímpicas
A cada Olimpíada, milhares de medalhas olímpicas são produzidas para premiar os atletas. Elas variam de tamanho, formato e custo. Desde que os jogos começaram na era moderna, 18.854 mil unidades já foram entregues aos atletas vencedores.
As medalhas dos jogos de Tóquio pesam entre 450 e 556 gramas e são feitas com materiais de aparelhos eletrônicos reciclados. O que poucos sabem é que as medalhas de ouro na verdade não são feitas inteiramente do metal precioso.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) exige que elas contenham ao menos seis gramas de ouro e o restante é feito de prata, o que equivale a 92,5% de seu material.
Segundo o site oficial das Olimpíadas de Tóquio 2020, cerca de 5 mil medalhas olímpicas foram produzidas para os jogos. O design desta edição dos jogos foi escolhido em meio a mais de 400 opções feitas por profissionais e estudantes.
Mas quanto vale uma medalha olímpica? Se para os atletas seu valor costuma ser inestimável, os organizadores estipulam diferentes valores para as versões em ouro, prata e bronze. O preço também varia em cada edição dos jogos.
Cada medalha de ouro é avaliada atualmente em US$ 850, excluindo os custos de mão-de-obra e design. É mais que os US$ 564 da medalha concedida aos atletas nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016.
Em cinco anos, a cotação do ouro no mercado financeiro passou de cerca de US$ 1,4 mil por onça-troy até chegar a ultrapassar os US$ 2 mil no ano passado. Essa variação, bem como o peso dos materiais, influencia o valor em cada edição dos Jogos Olímpicos.
Já a medalha de prata é avaliada em US$ 462, segundo Tóquio 2020. A de bronze, por sua vez, vale apenas algo entre US$ 2 e US$ 5, já que seu material é feito de 95% cobre e 5% de zinco, segundo os organizadores do evento. Todas elas possuem 85 milímetros de diâmetro.
Nada impede que, posteriormente, as medalhas sejam vendidas a preços muito maiores, devido a seu valor simbólico. A mais cara já leiloada pertenceu ao atleta Jesse Owens, que quebrou cinco recordes mundiais na corrida nas Olimpíadas de Berlim. Uma de suas quatro medalhas de ouro foi vendida por mais de US$ 1,4 milhão em 2013.
Há também quem venda seu prêmio por causas nobres. Em 2005, o nadador americano Anthony Ervin vendeu sua medalha de ouro conquistada nos 50 metros de nado livre, em Sidney, por US$ 17.100 no eBay, para arrecadar dinheiro para as vítimas do tsumani que atingiu a Ásia em 2004.
*Com informações de agências
Leia também:
- Os atletas mais bem pagos das Olimpíadas de Tóquio
- Índice da B3 irá oferecer ranking com empresas ESG
- O que esperar dos balanços financeiros?
- CEO da Totvs revela próximos passos da Dimensa
- Investir em startup em 2021 já representa 90% do total do ano passado.