Esse covenant define que a alavancagem esteja em 3,5 vezes o Ebitda no quarto trimestre deste ano, 0,9 ponto abaixo do nível registrado pela companhia em junho.
“O potencial aumento de capital privado poderá ser estruturado de forma a prever a integralização das novas ações em moeda corrente ou mediante a contribuição créditos contra a companhia e/ou suas controladas (incluindo debêntures, notas comerciais e outras dívidas bancárias)”, afirmou o comunicado da empresa assinado pelo CFO Cristiano Camargo.
A companhia também está avaliando atribuir bônus de subscrição como vantagem adicional aos acionistas que participarem da operação, como havia sido antecipado pelo InvestNews.
A ideia da Oncoclínicas seria levantar até R$ 1,5 bilhão com a iniciativa. Grupos detentores dos títulos de dívida da empresa já acenaram com a possibilidade de participar da operação com mais de R$ 800 milhões, disse uma fonte.
A empresa também confirmou a contratação do banco de investimento Rothschild como assessor financeiro da operação de aumento de capital – informação antecipada pelo InvestNews –, e o Spinelli Advogados como seu assessor legal.
Tempestade perfeita da Oncoclínicas
O balanço do segundo trimestre deste ano mostrou que a dívida líquida da empresa está hoje em R$ 3,7 bilhões, o equivalente a 4,4 vezes o Ebitda. Um ano antes, esse indicador de alavancagem era bem menor, de 2,2 vezes.
Essa dívida custa caro: boa parte dela é pós-fixada, ou seja, é corrigida com base no CDI. E esse nível de alavancagem colocou sob ameaça um covenant da empresa – compromisso estabelecido junto aos credores e que, se for descumprido, abre caminho para que a dívida seja executada.
Para lidar com o aperto, a companhia está vendendo ativos. A Oncoclínicas vendeu o Hospital de Oncologia do Méier, no Rio de Janeiro, para a Hapvida, por R$ 5,3 milhões. Também foi firmado um acordo por uma fatia de 84% no Complexo Hospital Uberlândia (UMC), em Minas Gerais, para Alexandre de Menezes Rodrigues, um dos fundadores do empreendimento, por R$ 160 milhões. Há ainda um processo de venda bem encaminhado para uma unidade de Belo Horizonte.
Mas analistas dizem que, além do endividamento, um ponto que gera muita incerteza é a indefinição sobre quem irá, de fato, comandar a companhia após o rearranjo na base acionária que começa a se desenhar. Neste momento, a leitura é de que não há clareza sobre o que o grupo de controle pensa para a companhia.
O que já está claro é que o Master – que ancorou o aumento de capital da Oncoclínicas em 2024 e ficou com 15% de participação da empresa – colocou sua fatia à venda e não deve acompanhar o novo aumento de capital. O nome do comprador de sua participação na empresa é ansiosamente aguardado por analistas e pode ter impacto direto sobre o valor da ação. Um dos interessados é a J&F, de Joesley Batista.
O processo de aumento de capital deve culminar com a diminuição da participação do Goldman Sachs e do Master na operação, já que ambos não sinalizaram a intenção de participar do processo.
A Latache, detentora de 14,5% da empresa, segundo o InvestNews apurou, estuda formas para crescer seu percentual na companhia. O fundo Josephina III, da gestora Centaurus tem 31,83% e é o principal acionista.
Quem está hoje à frente do negócio é o médico oncologista Bruno Ferrari, principal mente por trás da fundação da empresa, que surgiu em uma pequena clínica de BH com nove profissionais e 10 cadeiras de tratamento. Com 8% da companhia, Ferrari é o CEO da empresa e também o vice-presidente do conselho de administração.