O ritmo de crescimento no número da rede Oxxo impressiona: em junho, com pouco mais de três anos no país, a rede havia alcançado 383 lojas próprias. Segundo o balanço da Raízen (RAIZ4), responsável pela operação no Brasil, foram abertas 216 lojas em 12 meses, uma média de uma a cada dois dias.
Será que a empresa ameaça outras varejistas brasileiras? Especialistas ouvidos pelo InvestNews avaliam que a marca já avança sobre as concorrentes, porém ainda levará um tempo para exercer um domínio no mercado. Apesar dos números considerados impressionantes da empresa, uma resistência do consumidor do país à Oxxo ocorre devido a um mercado nacional muito pulverizado e a preferência dos brasileiros por atacarejos e hipermercados.
De quem é o mercado Oxxo?
A empresa surgiu no México em 1978 e é controlada pela FEMSA, a maior engarrafadora independente de Coca-Cola do mundo. Em dezembro de 2022, o relatório da empresa informou que estavam abertas 20.883 unidades no país.
No Brasil, de uma parceria entre a FEMSA e a Raízen, licenciada da marca Shell no país, deu origem ao Grupo Nós, responsável pela Oxxo no Brasil. A primeira loja chegou ao país em 2020, na cidade de Campinas. (SP) Porém é na capital de São Paulo onde se concentram a maior parte das unidades hoje.
“Ele ainda não impactou de forma substancial outras varejistas que operam no mesmo formato de proximidade”
João Abdouni e Carol Sanchez, analistas da Levante Investimentos, em nota
De acordo com uma pesquisa recente da Varejo 360, o efeito da Oxxo no “share of wallet” (parte de renda dos consumidores que estão destinadas a um negócio dentro de um setor) dos consumidores do Carrefour Express é de 3,2%. Já nas bandeiras Mini Extra, Minuto Pão de Açúcar e Dia Brasil, os índices são de 1,83%, 1,31% e 1,2%, respectivamente.
Todavia, os analistas comentam que esse número pode crescer rapidamente, “já que, em 2021, apenas 0,49% dos clientes do Carrefour Express migraram para a Oxxo, número que aumentou para 2,13% em 2022 e agora está em 3,2%.”
“Enxergamos o forte crescimento das lojas no formato de conveniência como um risco para as empresas que estão expostas a esse modelo como o GPA (PCAR3) e o Carrefour (CRFB3) por exemplo com as bandeiras Minuto Pão de Açúcar e Carrefour Express, respectivamente”, concluem.
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O cenário dos mercados no Brasil
Apesar do crescimento acelerado da Oxxo, Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos, comenta que o setor de supermercados ainda é muito difuso no Brasil.
“Você tem supermercados grandes, com faturamento acima da casa do bilhão que não são listados (na bolsa de valores). Você vê que ainda tem muito player regional, ainda é muito pela proximidade.”
Gustavo Cruz, estrategista chefe da RB Investimentos
Assim, haveria ainda muito espaço para disputa e crescimento dentro do mercado brasileiro. “Você ainda tem muito, muito público para ser conquistado”, diz Cruz.
O analista também comenta que há uma preferência nacional pelo modelo “atacarejo”, já identificada em pesquisas e nos números das empresas. “O próprio Carrefour, dentro da sua marca, dentro da sua empresa, o Atacadão foi a marca que mais cresceu”, diz.
Cruz comenta ainda que o impacto maior da empresa no país pode cair não sobre os grandes playres, mas sobre as pequenas lojas de bairro. Ainda não há pesquisas que busquem mapear esse impacto por ora no Brasil.
A rede de minimercados Oxxo começou em outubro sua expansão para o litoral do estado de São Paulo, com uma loja em Santos e outra em Praia Grande. Nos últimos anos, a empresa espalhou-se pela capital e já conta com lojas na região metropolitana e por algumas do interior.
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