A integração inicial da Extrafarma à Pague Menos (PGMN3), a atual segunda maior rede de farmácias do país em número de lojas, dá sinais de que as sinergias capturadas podem ser maiores do que o esperado inicialmente, enquanto uma nova aquisição deve ocorrer nos próximos anos, disse um diretor da empresa.
A Pague Menos anunciou na véspera que vai reduzir o ritmo de abertura de novas farmácias nos próximos dois anos, e a ideia é focar na captura de sinergias da aquisição da Extrafarma, disse o vice-presidente financeiro e de relações com investidores da Pague Menos, Luiz Renato Novais, em entrevista.
A empresa, de forte presença nas regiões Norte e Nordeste, concluiu em agosto a aquisição da Extrafarma, do grupo Ultrapar, por R$ 737,8 milhões, aumentando seu portfólio em cerca de 400 lojas, sendo que oito com compromisso de venda por determinação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Novais afirmou que a Pague Menos está capturando entre 60% e 70% das sinergias esperadas originalmente, mas destaca que a performance ainda não muda a estimativa divulgada ao mercado, de entre R$ 180 milhões e R$ 275 milhões em dois anos, já que o movimento precisa ser confirmado nos próximos seis, sete meses.
“A gente tinha planejado capturar algo próximo de R$ 20 milhões e deve capturar próximo de 38 milhões”, disse ele, em referência ao período até o final do primeiro trimestre de 2023. “Pelo menos nesse início, o potencial e o volume de captura em milhões de reais é bem maior do que tínhamos planejado anteriormente”, acrescentou.
Se de um lado há as sinergias, do outro, o nível de falta de estoques em lojas da Extrafarma é “um pouco maior” do que o previsto, e a Pague Menos terá de investir R$ 100 milhões adicionais para normalizar a situação, de acordo com o executivo.
“Nesse momento estamos fazendo os pedidos de compra aos fornecedores e as mercadorias devem chegar aos centros de distribuição e lojas no final do ano. Nosso foco total no momento é reforçar os estoques da Extrafarma”, disse Novais, que vê o cenário também como uma oportunidade de elevar faturamento.
Sobre o nível de ruptura da própria Pague Menos, que fechou o segundo trimestre no maior patamar desde 2019, ele disse que a situação vem melhorando, mas o índice ainda está “bem maior” do que o visto no terceiro trimestre de 2021, diante de efeitos como a demanda por antibióticos devido ao inverno estendido no Sul e Sudeste.
Expansão reduz ritmo
A empresa divulgou na noite de quinta-feira uma projeção de abertura de 60 lojas no próximo ano e 120 em 2024, somando 180 no biênio, contra 200 em 2021-2022.
“Vamos direcionar um pouco mais de capital da companhia para otimizar a operação da Extrafarma”, disse Novais sobre a redução de ritmo, acrescentando que as novas lojas serão prioritariamente da bandeira Pague Menos.
Dez lojas adquiridas já foram fechadas, uma vez que a análise da empresa concluiu que o faturamento estava em tal “nível baixo” que não compensaria a operação. Esse número de fechamentos deve aumentar em cerca de duas dezenas, segundo ele, que vê o movimento como previsto. Outros dez pontos foram convertidos em Pague Menos, afirmou.
Apesar da redução no ritmo de abertura de novas lojas –a Pague Menos tem agora cerca de 1.600 no país ao todo, atrás da RD–, a empresa prevê uma nova aquisição de rede de farmácias.
“Também consideramos nesse intervalo de dois anos (2023-2024) uma outra aquisição, não em curtíssimo prazo, provavelmente não em 2023, mas potencialmente em 2024”, disse Novais.
O foco está em redes que atendam pessoas com faixa de renda familiar média mensal inferior a R$ 4.500, acompanhando a clientela histórica da empresa, e, segundo ele, o alvo não seria necessariamente no Nordeste ou Norte.
“Posto Ipiranga das farmácias “
Sobre o terceiro trimestre, Novais disse que um dos destaques é o aumento da participação de vendas online, que saltou de 9,6% entre abril e junho para 11,2% no trimestre passado. O dado será detalhado em encontro com investidores e analistas nesta sexta-feira.
A empresa ainda lançou sem muita divulgação nos últimos três meses o programa Sempre Bem Saúde, um plano de assinatura de R$ 9,90 mensais que oferece atendimento de telemedicina ou exames mais simples direto na farmácia. A ideia é explorar a parcela da população sem acesso a planos de saúde e micro e pequenas empresas.
A companhia registrou 30 mil assinantes até agora, segundo o executivo, em 915 lojas –nem todas terão os mini-consultórios para atendimentos–, enquanto o custo, disse, é baixo, “não chega a dezena de milhões de reais”. Aquisições menores de companhias de serviços de saúde para agregar à plataforma estão no radar, de acordo com Novais.
“Queremos ser o posto Ipiranga da farmácia brasileira”, disse, em referência à marca da Ultrapar.
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