A África está prestes a ganhar um novo protagonista em suas águas profundas: a Petrobras. Em entrevista à Reuters, a presidente da estatal, Magda Chambriard, revelou que o continente deve se tornar a principal aposta internacional da companhia na exploração de petróleo e gás, desbancando outras regiões onde a empresa já atua.

O novo foco ficou claro após a Petrobras assinar um acordo de exclusividade para negociar nove blocos offshore na Costa do Marfim — país que, segundo Chambriard, “estendeu um tapete vermelho” para atrair os investimentos da petroleira brasileira.

“Somos especialistas em exploração no Brasil, e a correlação com a África é inequívoca. Precisamos ir para onde somos desejados”, afirmou a executiva, que completa um ano no comando da companhia neste mês.

A guinada internacional acontece em paralelo ao avanço da Petrobras sobre novas fronteiras dentro do Brasil, como as bacias da Foz do Amazonas e de Pelotas. O objetivo é claro: repor reservas diante da perspectiva de declínio da produção no pré-sal.

Magda explicou que, nos últimos 12 meses, a estatal passou por uma reformulação interna na área de exploração. A África, nesse contexto, entra como uma extensão natural da expertise técnica da companhia em águas ultraprofundas.

Entre os países de interesse, além da Costa do Marfim, estão Namíbia — onde a Petrobras disputou sem sucesso uma área com a TotalEnergies —, São Tomé e Príncipe e África do Sul, onde a empresa já possui ativos. Sobre a derrota para a Total na disputa pela Mopane, a presidente desconversou: “Esperamos ser convidados”. Sem entrar em detalhes.

Magda Chambriard, presidente da Petrobras. Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Além da África, a Petrobras também tem planos na Ásia. A companhia participará de um leilão de blocos na costa da Índia em julho, país que já consome volumes relevantes de petróleo exportado pelo Brasil. “Produzir lá e entregar para os indianos não é um problema para nós”, comentou Magda.

Para o próximo plano de negócios, que cobrirá o período de 2026 a 2030, a Petrobras prevê a perfuração de 30 novos poços exploratórios — número equivalente ao do ciclo atual. Um dos destaques é a Foz do Amazonas: se tudo correr como o esperado, um simulado de emergência deverá ser realizado em julho, etapa decisiva antes da esperada autorização do Ibama para perfuração na região.

(Com Reuters)