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Negócios

Petrobras: parques eólicos no mar podem reduzir valor de dividendos

Avaliação é de analistas do mercado após assinatura de carta da Petrobras com Equinor.

Nesta semana, a Petrobras (PETR4 ) informou que assinou com a Equinor, que atua no desenvolvimento de projetos de parques eólicos na Europa, uma carta que amplia a cooperação já existente entre as empresas. Desta vez, o objetivo é avaliar a viabilidade de construção de sete plantas para produção de energia eólica no mar da costa brasileira. A iniciativa, ainda embrionária, é vista com cautela pelo mercado.

(Foto: Divulgação/Petrobras)

No comunicado da empresa que divulgou o projeto, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que a fase é de estudos e a alocação de investimentos depende de análises aprofundadas para avaliar sua viabilidade, além de avanços regulatórios que permitirão os processos de autorização para as atividades.

Ainda assim, a notícia já repercutiu no mercado financeiro. Eduardo Perez, analista de investimentos da NuInvest, e Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG Pactual, avaliam que os projetos podem reduzir o retorno aos acionistas.

“Se a Petrobras deseja entrar em uma nova fase de crescimento, precisaria desviar seu FCF (fluxo de caixa de acionistas) para investimentos. Isso pode potencialmente resultar em um redução de dividendos, que são atualmente um dos principais motivos para uma visão otimista sobre Petrobras”, afirmou a equipe do BTG em relatório.

Perez reitera ainda que o mercado está acostumado com uma Petrobras que gera muito caixa e que repassa os valores aos acionistas, já que a empresa não tem, até então, novos projetos que necessitariam de investimentos por meio dos lucros obtidos.

Em contrapartida, ele considera que, se o projeto eólico for bem sucedido, há um potencial de ganho de capital das ações no longo prazo.  

Valor de investimentos

Os analistas do BTG estimam que a conclusão de todos os projetos podem custar um valor substancial.

O capex médio para projetos eólicos na última década custou entre R$ 15 milhões e R$ 20 milhões por megawatts, segundo cálculos do BTG, o que significa um capex total entre R$ 218 bilhões e 290 bilhões para os novos parques eólicos (ao levar em conta que os novos projetos teriam potencial para gerar até 14,5 GW, conforme informou a própria Petrobras).

A capacidade de 14,5 GW, avaliou o BTG, corresponde a 8% da capacidade instalada do país e mais da metade da capacidade eólica onshore (em terra), o que destaca “ainda mais a magnitude potencial dos projetos”, disse o banco.

Embora considere a proposta positiva, já que a companhia está investindo em uma matriz energética mais verde, Perez explica que o custo para produzir a energia no mar é bem maior do que na terra, ao passo que no Brasil há um gigantesco espaço terrestre para instalar torres eólicas.

“O argumento da Petrobras é que o investimento é mais alto, mas o índice de capacidade de uma torre no mar é maior do que a terrestre. Mas quando se pondera que é um investimento três vezes mais caro, talvez não compense tanto”, explica.

De qualquer forma, complementa Perez, é um investimento que, se bem sucedido, poderá trazer retornos para a companhia e aos investidores, mas somente no longo prazo.

No mesmo sentido, Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG Pactual, avaliam que qualquer impacto no curto prazo provavelmente será “insignificante”.

“Atualmente, não há legislação regulamentando projetos de parques eólicos offshore no Brasil. Então, mesmo após possíveis aprovações de licenças e confirmação de viabilidade econômica, a construção de ativos pode levar muito tempo para se concretizar”.

Pedro Soares e Thiago Duarte, analistas do BTG Pactual

A equipe mencionou ainda que o projeto precisaria ser incorporado ao planejamento estratégico (PE) da empresa, já que o plano atual “não contempla investimentos desta escala no segmento eólico offshore”.

Entretanto, no comunicado divulgado nesta semana, a estatal reiterou em seu PE para o período de 2023 a 2027, a eólica offshore (no mar) “é um dos segmentos priorizados para estudos aprofundados”.

Valorização ou queda das ações?

Os analistas do BTG avaliam que o impacto quantitativo de curto prazo dos parques eólicos offshore provavelmente será mínimo. Além disso, é improvável que os investidores paguem por vantagens futuras de novos projetos, o que significa que é improvável que a ação tenha um aumento significativo de valor no futuro próximo.

“No entanto, prevemos que os investidores possam reagir com preocupação a tais anúncios, especialmente se a Petrobras continuar a explorar segmentos além de sua operações tradicionais de upstream (exploração e produção) no Brasil”, disseram.

Nesta linha, Perez, avalia que o mercado pode punir as ações da companhia por ver um risco de execução. “O resultado final pode não ser como esperado e há um risco de governança, porque estamos falando de obras bilionárias”.

Sobre o acordo

A Petrobras e Equinor firmaram a primeira parceira em 2018 para a execução de dois parques eólicos o Aracatu I e II, localizados na fronteira litorânea entre os estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. 

O novo acordo prevê avaliação da viabilidade de parques eólicos no mar em Mangara (na costa do Piauí); Ibitucatu (costa do Ceará); Colibri (fronteira litorânea entre o Rio Grande do Norte e Ceará), além de Atobá e Ibituassu (ambos na costa do Rio Grande do Sul) – num total de sete projetos que ficarão em fase de estudos até 2028. Se confirmados, têm potencial para gerar até 14,5 GW.

Na prática, a tecnologia associada à geração eólica usa a força dos ventos no mar para a produção de energia renovável. As principais vantagens, de acordo com a própria estatal, são: a elevada velocidade e estabilidade dos ventos em alto-mar, livres de interferência de barreiras como rugosidade do solo, florestas, montanhas e construções, o que ocorre em parques terrestres.

O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou em comunicado que o acordo vai abrir caminhos para uma nova fronteira de energia limpa e renovável no Brasil.

Segundo informações da Reuters, Jean Paul Prates disse em evento para anunciar a parceria que os parques teriam capacidade de produção de energia equivalente a uma usina Itaipu.

Além disso, os projetos poderiam custar R$ 70 bilhões, segundo uma estimativa livre da Petrobras com base no atual custo do megawatt offshore, multiplicado pela capacidade instalada prevista.

A Petrobras disse ainda que segue mapeando oportunidades e desenvolvendo projetos de desenvolvimento tecnológico nesse segmento, como os testes da Boia Remota de Avaliação de Ventos Offshore (conhecida como Bravo), em parceria com os SENAIs do Rio Grande do Norte (RN) e Santa Catarina (SC).

Crédito: Reprodução Petrobras

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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