A estatal, que detém 47% das ações com direito a voto, considera desproporcional sua participação na governança da companhia, afirmaram três fontes próximas à estatal ouvidas pela Reuters sob condição de anonimato.
Atualmente, a Petrobras indica apenas um dos sete diretores da Braskem e ocupa quatro das 11 cadeiras no conselho de administração — um peso considerado insuficiente para o tamanho de sua posição acionária e para a expertise que possui na operação, segundo as fontes. A empresa busca, portanto, ampliar sua presença nas instâncias de decisão, independentemente de quem venha a ser o futuro sócio controlador.
Segundo fontes, a Petrobras não cogita aumentar sua participação acionária na Braskem neste momento, como chegou a ser ventilado na gestão anterior, sob comando de Jean Paul Prates. A estratégia atual é reforçar sua presença por meio de um novo acordo de acionistas, com mais representantes em cargos executivos e maior envolvimento na operação da companhia.
“O redesenho do acordo é fundamental para melhorar a performance da Braskem”, disse uma das fontes. “Com mais voz, a Petrobras poderá contribuir mais ativamente para os desafios da transição energética.”
Tanure e a Braskem
A movimentação ocorre em meio à proposta não vinculante apresentada pelo fundo Petroquímica Verde, veículo ligado ao empresário Nelson Tanure, para adquirir a fatia da Novonor. O fundo já celebrou um acordo de exclusividade para negociar os termos da possível transação.
“O que vemos hoje é uma incompatibilidade entre o poder político e o poder de gestão. A Petrobras tem quase metade da empresa, mas pouca influência na condução dos negócios”, disse uma das fontes. Ela comparou o cenário ao da Eletrobras, onde o governo federal recentemente ampliou seu poder de voto após a privatização da companhia.
Questionada nesta segunda-feira (26) sobre a proposta de Tanure, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a iniciativa “vem na direção correta” e que a situação societária da Braskem precisa ser resolvida. “A Braskem tem uma relevância estratégica e não podemos largar a petroquímica de jeito nenhum”, disse a executiva, durante evento no BNDES, no Rio de Janeiro.
A Novonor tenta vender sua participação na Braskem há anos. Passaram pela mesa de negociações nomes como a Adnoc (dos Emirados Árabes), LyondellBasell, Unipar e a J&F, mas nenhum negócio avançou. A venda também é acompanhada de perto pelos bancos credores da Novonor: parte das ações da petroquímica está em garantia de dívidas de cerca de R$ 15 bilhões — montante que hoje supera em mais de três vezes o valor de mercado dessas ações.