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Polimix compra Cimentos Maranhão e confirma momento aquecido do setor

Construção de moradias populares aumenta procura por cimento no país

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Uso de cimento na construção civil (CNI/Divulgação)

Enquanto a novela da compra da InterCement pela CSN Cimentos segue sem desfecho, seus concorrentes vão se movimentando nos bastidores para aproveitar a demanda aquecida da construção civil por cimento. A transação mais recente é a compra da Cimentos do Maranhão (Cimar), dona da marca “Bravo”, pelo grupo Polimix, da Mizu Cimentos. O valor do negócio, que ainda depende de autorização do Cade, não foi revelado.

A Cimar faz parte da holding Cimento Portland Participações (CPP), que reúne duas famílias importantes da construção civil: os grupos Cornélio Brennand e Queiroz Galvão. A fábrica da empresa, localizada em São Luís, entrou em operação há 10 anos e deverá ser a 14º planta da Mizu Cimentos no país, adicionando 500 mil toneladas por ano às 8,25 milhões de toneladas anuais que a empresa da Polimix é capaz de produzir.

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O mercado de cimentos no país vive um ano de forte atividade. De janeiro a outubro, as vendas do produto cresceram mais de 4%, superando a expectativa do setor, que projeta um avanço de 3% nas vendas neste ano em relação a 2023, o que elevaria o volume para 64 milhões de toneladas.

“O cimento tem futuro certo no Brasil”, disse à analistas Benjamin Steinbruch, controlador da CSN Cimentos, que renovou nesta semana mais uma vez a exclusividade para fechar a compra da InterCement, da família Camargo Corrêa, o que poderia levar a CSN à liderança nas vendas de cimentos no país. “É um produto que está faltando, e só não vendemos mais porque falta capacidade de produção.”

No caso da CSN Cimentos, Steinbruch afirmou que a CSN opera hoje praticamente com a capacidade de produção plena. E que o crescimento do segmento de construção de moradias populares (leia-se Minha Casa Minha Vida) tem tudo a ver com isso, relatou o Sindicato Nacional da Indústria do Cimento (Snic). 

Além da construção de moradias, são aguardados vários projetos de infraestrutura – como saneamento, estradas e transmissão de energia –  para o próximo ano. Até 2033, estão previstos pelo governo projetos que somam investimentos de R$ 1,6 trilhão. Tudo isso vai exigir muito cimento. A expectativa para 2025 é de que o PIB da construção civil continue crescendo e dando mais oportunidade para as empresas.

Em outra frente, a Votorantim Cimentos (VC), líder do mercado, registrou recentemente o melhor trimestre de sua história, com lucro líquido de R$ 1 bilhão. A empresa da família Ermírio de Moraes é uma das favoritas para acabar com a seca de IPOs de companhias brasileiras, com boatos de que uma listagem poderia ocorrer em Nova York – o que é negado pela VC. Com uma eventual entrada de recursos, a Votorantim teria novo fôlego para abrir fábricas e voltar aos M&As no exterior.

Mas, enquanto nem a venda da InterCement sai e menos ainda o IPO da Votorantim Cimentos, o grupo Polimix vem comendo pelas beiradas. Além da aquisição da Cimar, a companhia do empresário Ronaldo Moreira Vieira vem se aproveitando da reestruturação do Queiroz Galvão e comprou também duas pedreiras do grupo, localizadas nos Estados do Ceará e Rio de Janeiro.

Os ativos irão aumentar a capacidade da Polimix de produzir os chamados agregados para a concretagem: basicamente brita e areia industrial para diversos usos na construção civil. Atualmente, a Polimix possui 18 pedreiras no país, com capacidade de entregar até 20 milhões de toneladas de agregados por ano. 

Criada no fim da década de 1970 no Espírito Santo com o nome de Concaprex, o grupo Polimix opera negócios na área de concreto, cimento, energia e logística, com o Porto Central, um terminal portuário localizado no sul do Estado. O grupo está presente em mais de 20 Estados e em mais seis países (Estados Unidos, Argentina, Bolívia, Colômbia, Peru e Panamá).

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