Após um trimestre coroado com um lucro líquido de 10 dígitos, o CEO da Votorantim Cimentos, Osvaldo Ayres, mantém os olhos no plano de crescimento traçado em janeiro deste ano. A empresa, dona das marcas Votoran, Itaú, Poty e Tocantins e uma das líderes do mercado brasileiro de cimento, alcançou seu melhor desempenho operacional para o período, reflexo de um mercado brasileiro aquecido e vendas mais fortes na Europa.
“Temos uma estrutura sólida de diversificação. Temos diversidade geográfica no Brasil e uma operação proeminente no exterior com moeda forte”, diz Ayres. Após a aquisição de seis ativos no exterior nos últimos anos, a operação fora do Brasil da Votorantim Cimentos já é responsável por 45% da receita global da empresa, o que protege a empresa da forte desvalorização do real frente ao dólar vista neste ano.
A combinação de mercado interno com externo garantiu à empresa da família Ermírio de Moraes um lucro líquido de R$ 1 bilhão no período de julho a setembro, aumento de 24% em relação a igual período do ano passado. O resultado operacional puxou a última linha do balanço, com o Ebitda ajustado de R$ 2,2 bilhões, alta de 11% no mesmo comparativo, com margem de 29%, um avanço de 3 pontos percentuais.
No Brasil, a empresa vendeu R$ 3,5 bilhões, o que garantiu um lucro operacional de R$ 835 milhões no trimestre. Embora o preço do cimento tenha caído no período, a forte demanda compensou, diz o CEO. A procura pelo produto surpreendeu a indústria este ano a ponto de o Sindicato Nacional da Indústria de Cimento (SNIC) ter revisado a expectativa de crescimento do setor de 1,4% para 2,8% no fechamento de 2024 em relação ao ano anterior.
Investimentos em alta
O crescimento nas principais linhas ocorreu mesmo com um aumento de 22% nos investimentos, chegando a R$ 635 milhões. “A nossa execução sólida nos permitiu manter um ritmo acelerado de investimentos, em linha com o plano que anunciamos neste ano”, lembrou Ayres, ao citar o programa de R$ 5 bilhões que a Votorantim Cimentos divulgou em janeiro para ampliação de fábricas e investimentos em logística, descarbonização e novos negócios.
Em outra frente, a empresa também tem revisto seu portfólio de fábricas, com a venda das operações na Tunísia e no Marrocos, feitas neste último trimestre por valores não revelados – as operações ainda aguardam aval das autoridades desses países e não foram contabilizadas.
O desinvestimento deve ajudar a reduzir a já baixa alavancagem da empresa, que se encontra em 1,76 vez a dívida líquida pelo Ebitda – patamar considerado saudável e dentro da política de endividamento da empresa desde que recuperou seu grau de investimento em 2019.
IPO no radar?
O mix de receita em moeda forte poderia ser um atrativo para que a Votorantim Cimentos tentasse uma listagem na Bolsa de Nova York, conforme informou a agência Bloomberg na semana passada. No entanto, Ayres nega que a empresa esteja em busca de uma oferta pública inicial de ações (IPO, em inglês) na bolsa americana.
Vale lembrar que a empresa já possui os registros necessários também para um IPO no Brasil e seu nome é constantemente especulado como uma das que podem encerrar o jejum de três anos sem novas listagens de companhias brasileiras na Bolsa.
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