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Por que as grifes vendem itens ‘destruídos’? Entenda o caso do tênis Balenciaga

Especialista comenta que o investimento nos sapatos da marca podem valer a pena se os produtos forem encarados como artigos artísticos.

Paris Sneakers, Balenciaga (Crédito: Divulgação)

A grife espanhola Balenciaga lançou recentemente a coleção de tênis Paris Sneaker, com modelos caríssimos e de “visuais destruídos”. A proposta da marca chamou muita atenção na internet, no entanto, não é a primeira vez que uma grife promove artigos com essas características. Especialistas ouvidos pelo InvestNews explicam que, na maioria dos casos, sempre há uma mensagem ou intenção por trás de criações como essas. 

Andreia Meneguete, especialista em comunicação de moda, luxo, cultura material e consumo, comenta que a Balenciaga, sob a liderança do diretor criativo Demna Gvsalia, trouxe uma estética que funciona como uma crítica ao social. “Assim como em seu penúltimo desfile, que teve como convite um Iphone 6s usado e com tela quebrada, a grife provocou a reflexão sobre a efemeridade do consumo”. 

“A mensagem [da coleção de tênis] traz o quanto tudo se renova numa velocidade feroz; o quanto o desejo da substituição do antigo pelo novo está cada vez mais intenso; como não temos apego ao ontem, mas, sim, desejamos um hoje com ‘cheiro’ absurdo de amanhã”, conclui.

Também vale ressaltar que essa não é a primeira vez que a grife lança itens fora do convencional. Anteriormente, a Balenciaga já havia apresentado sacolas que remetiam a sacos de lixo. Segundo Gvasalia, isso foi uma crítica à Guerra na Ucrânia, já que o evento levou a milhares de pessoas a se refugiarem abruptamente.

Vale a pena investir em itens ‘destruídos’? 

Para ter um sapato da coleção Paris Sneakers, é preciso fazer um investimento bem “salgado”. Só na pré-venda, nos Estados Unidos, um dos modelos do calçado custava US$ 1,8 mil, o que na conversão para o real, em 2 de junho, equivalia a quase R$ 9 mil. 

Considerando os detalhes e preços dos tênis, Meneguete diz que “não colocaria, neste caso, o juízo de valor sobre se vale ou não consumi-los, uma vez que, segundo ela, “estamos inseridos numa sociedade que se organiza pelo consumo”. 

“No caso da Balenciaga, em específico, a peça veio dentro de uma proposta criativa de crítica. Ela não estará à venda de forma massificada… Aqui, não é sobre uma tendência de moda em si, mas sobre o fato de ser um item que se apropriou de uma lógica da arte, ou seja, que tem um conceito e um valor criativo do seu criador e a narrativa que ele trouxe para o momento”, complementa.

Amnon Armoni, professor de Administração com especialidade em mercado de luxo da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), aponta que o [modelo de tênis] mais caro é o mais destruído. “E por quê? Porque está próximo da arte”, observa. 

Sendo assim, o professor explica que se o investimento for encarado como a aquisição de um item artístico, pode valer a pena “porque vai representar uma época, porque vai representar uma mensagem… E pode ou não ser valorizado pelas pessoas no futuro”. 

Além do mais, ele conclui que “o que se sabe hoje é que tem muita gente investindo em artigos mais icônicos”. 

E o que o público acha? 

O lançamento da coleção de tênis da Balenciaga, obviamente, deu o que falar na internet semanas atrás, tanto que levou o assunto aos trending topics do Twitter (TWTR34) e ficou entre as principais buscas no Google Trends.

No geral, pode-se dizer que a proposta dividiu opiniões. Porém, na maior parte, os usuários do Twitter fizeram críticas e piadas sobre os preços e as aparências dos sapatos. 

Daí, surge a dúvida: mesmo em meio às diversas críticas, essa situação ainda pode trazer algo de positivo para as marcas? Para Meneguete, “a estética ‘destruída’ ou ‘desgastada’ pode ser apropriada por outras marcas de formas diferentes [da abordagem da Balenciaga]. Sobre ser positivo ou negativo, tudo vai depender de como as marcas vão dialogar com os seus públicos e no desenvolvimento do produto em si”. 

O que diz a Balenciaga? 

De acordo com a grife, os produtos recém lançados têm um design clássico reformulado, que “interpretam o atletismo de meados do século e o desgaste casual atemporal”.

Os sapatos estão disponíveis nas cores preto, branco ou vermelho, além de terem solas e biqueiras de borrachas branca. A coleção Paris Sneakers vem em estilos com cadarço, tanto em cano alto ou mule sem costas.

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