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Privatização da Copel pode impulsionar ação e dividendos, dizem analistas

Empresa tem histórico de bons retornos aos acionistas; reforma do estatuto abriu caminho para desestatização.

Os acionistas da Copel (COPL6) aprovaram na última segunda-feira (10) uma reforma do estatuto social que abre caminho para a privatização da empresa de energia. A movimentação se dá apesar do voto contrário da BNDESPar, acionista que detém cerca de 24% do capital da estatal paranaense.

Para analistas, o processo pode potencializar o retorno aos acionistas. No pregão desta terça-feira (11), a ação da companhia encerrou em alta de ao redor de 1%, negociada na casa de R$ 8. Em 12 meses, o papel acumula valorização de quase 19%.

Com isso, a Copel deve se tornar uma corporação – ou seja, uma empresa sem sócio majoritário. A participação do governo na empresa será diluída, e a União deixará de ser o acionista controlador. 

Créditos: Adobe Stock

A Copel é focada majoritariamente no estado do Paraná e atua na geração, transmissão e distribuição de energia elétrica, também com investimentos em novas operações eólicas no Nordeste.

Privatização pode potencializar retorno a acionistas

A Levante escreve em relatório que este é um segmento com histórico de entrega de bons retornos aos acionistas, acima do custo de capital. “Nos últimos 20 anos, as ações da Copel venceram tanto o CDI quanto o Ibovespa. Com o processo de capitalização, acredita-se que a empresa seguirá entregando bons retornos aos seus acionistas”, apontou.

Outro ponto atrativo, segundo a casa, são os dividendos. Nos últimos cinco anos, a média de renda em forma de proventos pagos pela Copel aos acionistas tem sido bastante elevada, em torno dos 8%. “Com isso, observamos este movimento da companhia como bastante positivo e seguimos com um viés positivo para as ações da empresa paranaense”, relata.

Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, reforça que, em caso de privatização, as ações da Copel podem valorizar à medida que investidores privados demonstram interesse na empresa. 

Copel
Linhas de transmissão de energia 29/08/2018 REUTERS/Ueslei Marcelino

Por outro lado, ele acrescenta que, dependendo do valor e das condições da venda, os investidores atuais podem enfrentar diluição de suas participações acionárias.  

Guilherme Tiglia, sócio e analista de ações da Nord Research, acredita que uma privatização diminui os receios em relação à interferência política, que é um grande ponto de atenção ao se tratar de estatais. Além disso, o processo geralmente agrega “maior eficiência à operação”. 

Ele avalia que a empresa tem bons ativos e uma geração de caixa que se traduziu em bons dividendos, e que o processo de privatização pode potencializar isso. 

“É um grande benefício para os acionistas da empresa, pensando em resultados, dividendos e desempenho das ações. Mesmo sendo uma estatal, vale destacar que o caso da Copel é bem diferente e com menor complexidade, por exemplo, do que o da Eletrobras (ELET6) – uma empresa que teve mais valor a destravar com as melhorias oriundas da privatização”, comenta.

Caminho para a privatização

Fabrício Gonçalvez pontua que com a aprovação do estatuto, a privatização da Copel se torna mais provável. Contudo, o processo não é imediato e envolve etapas e aprovações adicionais. 

“No fim, o governo do Paraná, que é o controlador da Copel, e a Assembleia Legislativa do estado desempenham papéis importantes na decisão final de privatizar a empresa”, diz.

Como próximos passos, a empresa deve organizar uma oferta de ações para a capitalização, com a venda dos papéis ordinários, assim como ocorreu com a Eletrobras.

O que muda na Copel com novo estatuto

A assembleia de acionistas aprovou regras semelhantes às adotadas na privatização da Eletrobras. Dessa forma, a Copel poderá se tornar uma sociedade com capital disperso e sem acionista controlador.

O novo estatuto inclui uma “poison pill” para evitar que os acionistas tentem tomar o controle da companhia. Além disso, limita o poder de voto de investidores a 10%.

Torres de transmissão de energia no Brasil. REUTERS/Paulo Whitaker (BRAZIL – Tags: ENERGY)

Caso algum acionista passe a ser titular, direta ou indiretamente, de mais de 25% do capital votante da Copel, terá de realizar uma oferta de aquisição de todas as ações restantes, por valor, no mínimo 100% superior à maior cotação nos 504 pregões anteriores.

Caso o acionista ultrapasse 50% do capital, o valor da oferta de ações deverá ser pelo menos 200% superior à maior cotação.

O estatuto reformado também cria a emissão de uma “golden share” (ação de classe especial) para o governo do Paraná.

Diante dessa situação, analistas julgam importante que os acionistas avaliem cuidadosamente as informações disponíveis e acompanhem de perto o desenrolar do processo de privatização.

BNDES vai na contramão e tenta travar proposta

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) se posicionou de forma contrária à adoção dos mecanismos.

Em nota, o banco disse entender que o modelo de corporação proposto para a Copel “pode levar a um desequilíbrio dos interesses dos acionistas minoritários” da companhia.

O banco também pediu que a Copel retirasse de pauta de sua Assembleia discussões sobre migração para o Novo Mercado da B3, “por entender que tal mecanismo diluiria os interesses econômicos e políticos” do banco na estatal.

O JPMorgan comenta em relatório que a medida não exclui a possibilidade de migração para o Novo Mercado, mas que o movimento será separado do processo de privatização para evitar maior escrutínio político. 

A instituição considera a decisão como a mais sensata no momento, a fim de mitigar riscos adicionais ao processo. “Isso ocorre devido à situação política e regulatória conturbada em torno da privatização da Copel, bem como às dificuldades enfrentadas por outras privatizações recentes no setor de serviços públicos”, descrevem os estrategistas.

Este conteúdo é de cunho jornalístico e informativo e não deve ser considerado como oferta, recomendação ou orientação de compra ou venda de ativos.

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