A oferta pública de aquisição (OPA) da Cielo (CIEL3) planejada por seus controladores e tornada pública nesta segunda-feira (6) faz “muito sentido” para Bradesco e Banco do Brasil, especialmente para o primeiro, avaliou a equipe de research do BTG Pactual em relatório publicado nesta terça-feira (7). Por volta de 10h45, o papel da credenciadora de pagamentos avançava quase 4% na B3.
A operação, que deve resultar na saída da credenciadora da bolsa brasileira, tem como fim converter o registro de companhia aberta da categoria “A” para “B” e a saída da empresa do Novo Mercado da B3. Os controladores devem pagar R$ 5,35 pela ação – prêmio de 6,4% sobre em relação ao fechamento da véspera.
Juntos, Bradesco e Banco do Brasil detêm quase 60% da Cielo. A oferta será feita junto à sua joint-venture, o Grupo Elopar. O Bradesco BBI atuará como instituição intermediária da OPA, segundo a Cielo.
Analistas da Guide Investimentos acreditam que a OPA não deve ser aceita pela maioria dos acionistas nos termos atuais. Segundo eles, é possível que um aumento no preço da oferta seja feito em nossa visão, mas isto não deve ser feito no curto prazo.
“Acreditamos que o premio da OPA é baixo e que os controladores podem elevar o premio para algo entre 10% e 20%, que é o padrão em ofertas deste tipo”.
MATEUS HAAG, ANALISTA DA GUIDE INVESTIMENTOS, EM RELATÓRIO.
De acordo com informação publicada pelo “Brazil Journal”, a oferta deve permitir ao Bradesco integrar a operação de adquirência com seu negócio bancário, além de gerar ganhos de eficiência e redução de custos ao sair da bolsa.
“Nos últimos dois anos, o principal concorrente do Bradesco, o Itaú, finalmente conseguiu na integração de seu braço de aquisição, Rede, em sua recém-criada vertical de pequenas e médias empresas, tornando-a uma produto totalmente integrado”, escreveu o BTG em relatório.
O novo CEO do Bradesco, Marcelo Noronha, é presidente da Cielo e deverá discutir o novo plano estratégico com o mercado na próxima quarta-feira (8), durante a teleconferência de resultados do banco.
A Cielo divulgou nesta segunda-feira (5) um lucro líquido recorrente de R$ 480,8 milhões no quarto trimestre, queda de 1,9% frente ao mesmo período em 2022.
Operação lembra deslistagem da Redecard
O BTG chamou atenção, no entanto, para o baixo prêmio pago pelo papel em relação ao fechamento desta segunda. Em 2012, outra operação semelhante no segmento – a retirada da Redecard (agora Rede) da bolsa brasileira pelo Itaú Unibanco – também foi feita a um preço considerado não tão atrativo, com prêmio de aproximadamente 15%.
Ainda assim, bem acima do prêmio oferecido por BB e Bradesco na transação pela Cielo.
Na época, a operação gerou uma série de ruídos que levaram o então CEO do banco, Roberto Setubal, a uma teleconferência com investidores para afirmar que o preço era justo, dados os conflitos de interesse entre o banco e a adquirente.
A oferta pela Redecard ocorreu sem qualquer ajuste significativo no preço, cerca de sete meses após o anúncio.
Em atualização*
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