O vice-presidente do conselho de administração do GPA, Edison Ticle, renunciou ao cargo pouco mais de dois meses após ter sido eleito para a função, com mandato previsto até 2027, informou nesta sexta-feira (26) o grupo dono das redes Pão de Açúcar e Extra.

A renúncia, formalizada na última terça-feira (23), adiciona mais um capítulo a um ano marcado por instabilidade na governança do GPA. Em 2025, a companhia elegeu dois conselhos diferentes — um em maio e outro em outubro.

Apoiado pelo investidor Rafael Ferri e eleito com aval da família Coelho Diniz — hoje principal acionista do GPA —, Ticle foi o conselheiro mais votado na renovação do conselho realizada em outubro e acabou alçado à vice-presidência do colegiado.

Desde então, sua atuação esteve no centro de sucessivos embates internos. Ainda na primeira reunião do novo conselho, a eleição de Ticle à vice-presidência do board gerou desconforto no então CEO Marcelo Pimentel, que chegou a ameaçar renunciar ao cargo. Duas semanas depois, Pimentel deixou efetivamente a presidência da companhia e o conselho.

Fontes também relataram ao InvestNews atritos de Ticle com outros membros do conselho, incluindo o então coordenador do comitê fiscal, Tufi Daher Filho, que renunciou no início deste mês. Segundo essas fontes, a saída de Ticle, no entanto, não teve relação direta com a renúncia de Daher Filho.

De acordo com pessoas próximas ao conselho, a relação entre Ticle e o presidente do colegiado, André Coelho Diniz, se deteriorou ao longo das últimas semanas. A avaliação é que o conselheiro acabou se distanciando do restante do board. Nesse contexto, a renúncia é descrita como um movimento para pacificar os ânimos.

Novos nomes

Com a saída de Ticle, passam a ser duas as vagas abertas no conselho de administração do GPA. A tendência é que o varejista francês Casino, dono de 22,5% do capital, indique um substituto para Marcelo Pimentel, que havia sido sua indicação ao colegiado.

Já a cadeira deixada por Ticle deve entrar no radar dos acionistas minoritários, que tendem a articular um nome para ocupar a vaga. Nesse contexto, a Bonsucex, holding do investidor Silvio Tini, que detém pouco mais de 5% das ações do grupo, surge como uma potencial postulante a uma das cadeiras.

O InvestNews procurou Edison Ticle, mas não obteve resposta.