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Selena Gomez virou bilionária, e não foi por causa da música

Segundo a Bloomberg, 81% da fortuna da atriz e cantora vêm da marca de maquiagem que ela fundou em 2020

Selena Gomes durante evento sobre saúde mental em 2023 em Los Angeles. Foto: Monica Schipper/Getty Images

Aos 32 anos, a atriz e cantora Selena Gomez se tornou uma das mulheres mais jovens a se tornar bilionária por conta própria, segundo informações divulgadas pela Bloomberg nesta sexta-feira (6).

Mas, ao contrário de outras artistas que ganharam carteirinha no clube de pessoas bilionárias, 80% de sua fortuna estimada em US$ 1,3 bilhão vem do seu lado empreendedor. Em 2020, ela lançou a marca de cosméticos Rare Beauty, que já superou patamares de vendas de outras artistas-empreendedoras, como Lady Gaga.

Os dados são do Bloomberg Billionaire Index, um indicador que rastreia diariamente a fortuna das pessoas mais ricas do mundo, a partir de informações públicas sobre arrecadação, além da participação em empresas.

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A composição do império de Selena Gomez

Seus trabalhos como atriz desde a infância, incluindo o bem sucedido papel de co-protagonista atual da série Only Murders in the Building, que lhe rendeu uma indicação ao Emmy, já virou um podcast de sucesso dos personagens principais e está sendo transformado em um filme, de acordo com a Bloomberg, respondem por apenas 1,3% da riqueza de Selena.

Já sua carreira musical soma 7,3%, incluindo a renda da venda de ingressos para shows (4,8%), a venda de discos (1,8%) e os royalties de streaming (0,7%).

Além disso, Selena é uma das personalidades com mais seguidores do mundo no Instagram. O recurso lhe permite impulsionar as vendas de sua própria marca, mas também rende contratos de publicidade com outras empresas. Somadas, Puma, Coach e Louis Vuitton já desembolsaram com ela US$ 50 milhões desde 2016.

Mas todos esses patrocínios e parcerias somam apenas 6,9% de seu patrimônio, longe do dinheiro estimado por sua participação na Rare Beauty.

Ela ainda co-fundou a Wondermind, uma startup de saúde mental, que responde por 2,6% de seu patrimônio. O 0,6% restante vem de seus imóveis.

A análise de riqueza da Bloomberg levou em conta o valor estimado para todas as áreas acima. Pela metodologia, a Bloomberg presume o menor valor estimado das participações em negócios baseada apenas em ativos que podem ser confirmados ou rastreados a partir de números divulgados publicamente.

‘Empresária multifacetada’

“Selena não é apenas uma estrela pop”, disse Stacy Jones, fundadora e CEO da Hollywood Branded, agência de branding sediada em Los Angeles. “Ela é uma empresária multifacetada, com diversas fontes de renda contribuindo para seu patrimônio líquido impressionante.”

A linha de maquiagem criada há cinco anos se tornou um sucesso entre influenciadoras e adolescentes obcecadas por cosméticos.

Brent Saunders, CEO da empresa de saúde ocular Bausch + Lomb e investidor na startup Wondermind de Gomez, disse que há um fator-chave para seu sucesso: autenticidade.

“Você tem um verdadeiro modelo de como uma celebridade pode usar sua influência e expertise para fazer o bem e criar bons negócios”, disse Saunders. “Selena personifica isso.”

Representantes de Gomez não responderam a pedidos de comentários da Bloomberg.

Produtos de maquiagem da Rare Beauty. Foto: Gabby Jones/Bloomberg

Estrela mirim milionária

Quando criança, Gomez começou sob os holofotes como parte do elenco de Barney & Friends. Em seguida, passou a estrelar como Alex Russo em Os Feiticeiros de Waverly Place do Disney Channel de 2007 a 2012. A série se tornou um sucesso, que rendeu à então adolescente Gomez cerca de US$ 3 milhões no total.

Ainda assim, ela realmente explodiu aos olhos do público após começar a carreira musical, primeiro com a banda de pop-rock Selena Gomez & the Scene e depois como artista solo. Com três álbuns de estúdio e 44 singles, ganhou o American Music Award de artista feminina pop/rock favorita em 2016 e foi indicada a dois prêmios Grammy. Sua carreira de atriz continuou a crescer também, com papéis em filmes como A Rainy Day in New York e Spring Breakers.

No processo, Gomez gerou enorme sucesso nas mídias sociais, acumulando 424 milhões de seguidores, o que a deixa atrás apenas das lendas do futebol Cristiano Ronaldo e Lionel Messi como a pessoa mais popular no Instagram. Isso a tornou poderosa o suficiente para promover sua própria marca e, também, as de grandes nomes como a Puma, que a contratou para parceria de dois anos, no valor de US$ 30 milhões em 2017. Gomez também ganhou US$ 10 milhões quando foi escolhida como o rosto da Coach em 2016 e tinha um acordo de US$ 10 milhões com a Louis Vuitton.

Embora a música a tenha tornado particularmente popular, é uma fonte relativamente pequena de sua riqueza. Ao contrário de Swift, Gomez não é conhecida como compositora e é paga, principalmente, por royalties de performance. Ela potencialmente dobraria seus ganhos musicais se escrevesse suas próprias canções, disse Jones.

As turnês musicais representaram menos de 5% da riqueza de Gomez, com vendas de álbuns e discos inferiores a 2%. A bilionária não faz turnês desde 2016, quando cancelou abruptamente sua turnê Revival após 55 shows, citando problemas de saúde mental. Ainda assim, a turnê teve mais de US$ 30 milhões em vendas de ingressos.

“É inteligente que ela tenha criado uma carreira que não depende tanto da música como parte importante do aspecto financeiro”, disse Carolyn Sloane, professora da Harris School of Public Policy da Universidade de Chicago.

Sucesso raro

A maior parte da fortuna de Gomez — aproximadamente US$ 1,1 bilhão — vem de sua participação na Rare Beauty, que ela manteve amplamente independente. Os únicos investidores conhecidos são Nikki Eslami, da New Theory Ventures, e o CEO Scott Friedman, que anteriormente liderou a Nyx Cosmetics e a vendeu para a L’Oréal por US$ 500 milhões em 2014. A análise da Bloomberg presume que Gomez detém uma participação majoritária de 51% com base em seu papel fundador na empresa.

Em março, a Bloomberg informou que Gomez contratou consultores para avaliar a venda da Rare Beauty, estimada em US$ 2 bilhões. Mais tarde, ela disse à revista Time que não tinha planos de vender.

Gomez e sua equipe lançaram a marca em 2020, comercializando-a como uma maquiagem simples e com preço moderado.

“Eu realmente tentei o meu melhor para criar um produto que fosse além de apenas eu colocar meu nome em algo. Eu queria que os produtos fossem ótimos e também queria que a mensagem fosse que a maquiagem é para ser divertida.”

selena gomez, em entrevista de rádio em 2023

Gomez usou sua própria influência para criar buzz nas mídias sociais para os produtos. Nos primeiros meses após o lançamento da Rare, gravou horas de si mesma fazendo maquiagem para um de seus programas de TV, a série de culinária da HBO Max: Selena + Chef. Sua equipe cortou essas sessões para clipes que, geralmente, não duram mais de um minuto. Outros trechos apresentam Gomez no TikTok com comentários sobre os produtos da Rare.

A receita anual da Rare atingiu US$ 350 milhões no ano passado, de acordo com a Pitchbook, superando outras marcas fundadas por celebridades, como a Honest Co. de Jessica Alba e a Haus Labs de Lady Gaga.

Gomez, que tem sido aberta sobre suas lutas contra o transtorno bipolar, promete doar 1% de todas as vendas da Rare Beauty para o Rare Impact Fund, para serviços de saúde mental e educação. Esse tipo de “causa nobre” torna ainda mais atraente para os fãs apoiarem o negócio, disse Jones.

“Tenho muito respeito pelo que Selena e sua equipe construíram com o Rare Beauty Group em um curto período de tempo”, disse Saunders, o investidor da Wondermind. A combinação de apoio de celebridades, uma missão baseada em causa e produtos de qualidade é “uma mistura realmente boa para o sucesso”, disse ele.

Gomez foi cofundadora da Wondermind com sua mãe, a produtora de Hollywood Mandy Teefey, e Daniella Pierson. A plataforma — que inclui ferramentas de saúde mental, entrevistas e um boletim informativo — foi avaliada em US$ 100 milhões em 2022, e atraiu investimentos da Lightspeed Venture Partners, Sequoia Capital e do fundo de risco da ícone do tênis Serena Williams, Serena Ventures.

Fans in New York crowd outside a Coach in-store event with Gomez in September 2017. Photographer: Kevin Mazur/Getty Images

Planos para o futuro

Gomez agora está em foco por sua atuação como Mabel Mora em Only Murders in the Building, co-estrelado por Steve Martin e Martin Short e que começou a quarta temporada em 27 de agosto. Ela leva para casa pelo menos US$ 6 milhões por temporada do programa e está concorrendo ao prêmio Emmy de atriz principal em série de comédia no final deste mês.

A estrela não revelou planos específicos sobre música e novos shows, mas expressou sua inclinação em um episódio de janeiro do podcast SmartLess : “Eu sinto que tenho mais um álbum em mim”, ela disse. “Mas eu provavelmente escolheria atuar.”

Quanto à Rare Beauty, altas avaliações podem ser transitórias e o apego às celebridades não é garantia de um sucesso eterno. Os consumidores podem ser inconstantes, e muitas marcas ligadas a pessoas famosas fracassaram após um começo forte. No ano passado, Kristen Bell fechou sua linha de cuidados com a pele. A Sephora parou de vender as marcas das celebridades do TikTok Addison Rae e Hyram Yarbro. Ariana Grande pagou US$ 15 milhões para comprar os ativos físicos de sua empresa, REM Beauty, da Forma Brands, cuja grande aposta em influenciadores famosos azedou e a levou à falência .

Para Gomez, diversificar seus negócios em vários setores pode prepará-la melhor para os anos posteriores, disse Sloane.

“O que ela está fazendo é bem inteligente. Houve uma grande mudança ao longo de sua carreira em direção ao que se encaixa mais autenticamente nela, o que acaba sendo melhores decisões de investimento.”

Carolyn Sloane, professora da Universidade de Chicago

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